O resultado do leilão de cinco rodovias gaúchas, realizado na semana passada, ainda ecoa. A proposta de deságio de apenas 1,3% frustrou quem esperava por uma concorrência que pudesse baratear o preço do pedágio.
A crise econômica afastou grandes empresas, como o Grupo CCR e Sacyr, que já atuam no Rio Grande do Sul, por exemplo. O preço do barril do petróleo é visto como o grande vilão. Dele vem o asfalto que será usado para recompor emergencialmente a malha rodoviária do trecho concedido.
As dúvidas tomaram conta, inclusive, da vencedora da disputa. O consórcio Integrasul cogitou não participar do leilão.
- Tínhamos muita dúvida se íamos participar ou não. Estávamos com receio. Por último estávamos aguardando que o governo adiasse (o leilão), para termos mais margem para desconto - diz o diretor-técnico da empresa Silva & Bertoli, Ricardo Peres.
Sem adiamento e revisão de valores, o consórcio então formulou a única proposta que entendeu como viável. A defasagem calculada é estimada em torno de 30%, já que os dados que formaram as tabelas de insumos são de janeiro de 2020.
- Foi um pouco de surpresa (ser a única participante). O bloco 3 é um bloco pequeno. Já tínhamos em mente que as empresas maiores não deveriam participar - comenta Peres.
Porém, na avaliação do diretor, mesmo que houvesse a recomposição dos preços, o valor das tarifas de pedágios acabaria ficando muito semelhante ao que foi anunciado como vencedor.
- Os insumos estavam desatualizados. Fica complicado. Não dava para avançar muito (no deságio) - informa Peres.
As praças de pedágio terão preços para carros entre R$ 6,85 - em Flores da Cunha - e R$ 9,83 - em Portão. Essas tarifas ainda passarão por correção, com base na inflação, no momento em que as cancelas começarem a funcionar.
Atualmente, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) cobra R$ 6,30 na RS-122, em Flores da Cunha; e R$ 6,50, na RS-240, em Portão. Por causa deste aumento, o consórcio Integrasul acredita que haverá uma diminuição no número de carros que passam por essas cancelas de pedágios.
- A tendência é diminuir num primeiro momento. Mas, depois, com as melhorias, passa a ser o contrário. Passar por essas rodovias passa a ser mais atraente - projeta Peres.
O diretor garante que os buracos vão desaparecer, o mato vai ser cortado, e a sinalização vai melhorar. Ele tem confiança de que o resultado do leilão será homologado, afastando a possibilidade de quem torce para que o leilão seja anulado. Peres projeta que até o fim do ano o consórcio já deverá estar atuando nas cinco rodovias estaduais.