Quem passa pela Avenida Ipiranga identifica, diariamente, a grande quantidade de lixo e vegetação que tomou conta do Arroio Dilúvio. Em dias de chuva forte, o material acumulado dificulta o escoamento de água em direção ao Guaíba.
As últimas ações de dragagem na região foram realizadas entre 2018 e 2019. Desde então, a paisagem só tem ficado mais suja.
O consórcio de empresas Suldrag venceu a licitação realizada pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). Caberá ao grupo retirar 199 mil metros cúbicos de aterro e outros materiais que estão assoreados no Dilúvio. A execução deverá ocorrer no prazo de um ano.
A ordem de início dos trabalhos foi dada há aproximadamente um mês. O serviço começaria pela foz do arroio, ao lado do anfiteatro Pôr do Sol. As empresas realizaram cercamento para criar o canteiro de obras e um acesso que permitirá o tráfego de máquinas e caminhões.
Porém, após notificação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), os serviços foram suspensos por causa da presença de cágados na região. Não há perspectiva de quando a dragagem será iniciada.
O Dmae informa que está adaptando o projeto com as empresas executora, para começar por outro local. O ideal seria começar pelo outro lado do arroio, no sentido do trecho 3 da orla, porém, há cágados também no local.
Problemas na última limpeza
As últimas ações de desassoreamento do Dilúvio ocorreram em 2018 e 2019, em três trechos. Destes pontos foram removidas 23 toneladas de resíduos, tais como lodo, areia, mas também pneus e lixo doméstico. Os trabalhos iniciados pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) tiveram continuidade no Dmae – que incorporou os serviços pluviais em maio de 2019. O contrato com a empresa FF Maraskin foi encerrado unilateralmente devido à má prestação do serviço no final de 2020.
Cágados na orla
No primeiro semestre de 2021, a prefeitura realizou licitação para cadastrar as tartarugas que vivem na orla do Guaíba. A medida atendia portaria da Smamus e uma ação da 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre.
Em junho de 2020, uma tartaruga foi flagrada fazendo a desova na região do Anfiteatro Pôr do Sol, em Porto Alegre. O animal da espécie Phrynops hilarii, é conhecido popularmente como cágado-de-barbicha e costuma viver cerca de 30 anos. Em média, as tartarugas colocam cerca de 12 ovos, uma vez por ano.
Menos de uma semana depois, um animal e seus ovos foram encontrados despedaçados junto ao Arroio Dilúvio. As imagens dos restos do cágado, que pertence à fauna local, sugerem que ele foi atingido com pedradas. Na ocasião, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) não soube dizer se tratava-se do mesmo animal.