O aumento das temperaturas associado à escassez de chuva na Região Metropolitana já provoca alterações nas paisagens de Porto Alegre. Um exemplo disso são os bancos de areia que vêm tomando forma desde o Arroio Dilúvio, na altura da Avenida Ipiranga, e seguem em direção ao Guaíba, onde o córrego deságua.
Uma alternativa para contornar a falta de escoamento hídrico, que é a principal função do Dilúvio, é o desassoreamento do seu leito. Conforme Alexandre Garcia, diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos da Capital (Dmae), órgão responsável pela manutenção do arroio, o contrato para a realização da obra deve ser assinado na próxima semana. A expectativa do Dmae é de que os trabalhos iniciem ainda em 2021.
O consórcio Suldrag, vencedor da licitação para a obra, será responsável pela retirada de 199 mil metros cúbicos de aterro e outros materiais que estão assoreados no Dilúvio. O contrato para a execução do serviço será de 12 meses. Na primeira etapa, o material encontrado no riacho será recolhido e encaminhado para a avaliação de qual destino deverá receber após a sua remoção. No entanto, Garcia sublinha que tudo depende de licenciamentos e negociações.
Ele comenta que as discussões para a realização da obra vêm ocorrendo desde janeiro, quando a nova gestão assumiu a prefeitura de Porto Alegre, passando por processos orçamentários e licitatórios. Entre as questões que ainda necessitam de debate estão intervenções no trânsito, por exemplo, que podem acarretar transtornos à população e precisam ser avaliados.
— Se chegar ao período do Natal, aí eu não darei ordem de partida. Nesse caso, vamos esperar passar esse período de maior transtorno urbano. Precisamos minimizar ao máximo o impacto das nossas ações à comunidade — comenta o diretor, reiterando que neste ano de pandemia o comércio já foi impactado economicamente e passa por um período de recuperação, o que inspira maiores cuidados por parte do poder público.
Lixo e vegetação
Nas imediações da Orla, na região onde o Dilúvio e o Guaíba se encontram, uma extensa faixa de areia se formou. Enquanto no Dilúvio a vegetação toma conta da paisagem, no Guaíba, a areia revela um rastro de lixo doméstico depositado em seu leito.
O diretor do Dmae comenta que, como a região passa por um período prolongado sem chuva, o leito do arroio acaba seco, porém com um material úmido e rico em compostos orgânicos que favorecem o crescimento da vegetação. Ele ressalta, também, que o departamento tem executado limpezas periódicas em bocas de lobo para evitar que o lixo depositado nas ruas chegue ao Guaíba.