Quem passeia pelo primeiro trecho revitalizado da orla do Guaíba, de 1,3 quilômetro, e acompanha as obras que estão em andamento em outro 1,6 quilômetro, pode até se perguntar o motivo de uma parte, de 850 metros, estar abandonada.
Localizada entre a rótula das Cuias e o Anfiteatro Pôr do Sol, a área têm acúmulo de lixo na foz do Arroio Dilúvio. Há também possível contaminação de solo na região. Tanto que a Justiça obrigou a prefeitura a contratar uma empresa para realizar análise do terreno.
Essa região, chamada de trecho dois da revitalização da orla do Guaíba, quase recebeu obras. Há pouco mais de nove meses, na véspera da abertura dos envelopes das empresas interessadas, a prefeitura suspendeu a licitação para revitalização e concessão do espaço.
Entre as intervenções previstas, destacava-se a construção de uma das maiores rodas-gigantes da América Latina, com pelo menos 80 metros de altura. Além de construir a infraestrutura do trecho, a empresa ficará encarregada da manutenção, limpeza, segurança e paisagismo.
A suspensão, segundo a Secretaria municipal de Parcerias Estratégicas (SMPE), ocorreu por causa da pandemia. Desde então, o edital está "em revisão".
"O edital foi suspenso em função da pandemia e a SMPE realizou conversas com o mercado para perceber o interesse por esse tipo de projeto. Devido aos altos investimentos e ao perfil do projeto constatou-se que não haveria sucesso a licitação se ocorresse ainda este ano", informa nota da secretaria.
A secretaria chegou a dizer também que, "se houvesse continuidade de gestão, ele seria relançado ao longo do primeiro semestre do ano que vem".
Antes da suspensão, a prefeitura previa concessão do trecho por 35 anos, com investimento previsto de R$ 512 milhões ao longo desse período. A empresa vencedora não poderia cobrar entrada no parque urbano, apenas em atrativos como a roda-gigante, que tinha custo estimado de R$ 44 milhões.