Os prejuízos e as consequências relacionadas ao coronavírus ainda são incontáveis no transporte público. Ainda em meio a pandemia, que derrubou a quantidade de passageiros no sistema em Porto Alegre, é difícil imaginar o que isso irá representar no preço da tarifa.
O secretário Extraordinário de Mobilidade Urbana da capital gaúcha, Rodrigo Tortoriello, tem dito que o aumento da passagem não será tratado enquanto estivermos nesta situação de distanciamento social. Por contrato, os reajustes são sempre concedidos entre fevereiro e março de cada ano, após solicitação das empresas de ônibus, análise da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e votação do Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu).
Em março, a prefeitura havia definido que o reajuste da passagem deveria subir de R$ 4,70 para R$ 5,05. Já o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), havia solicitado um aumento de R$ 0,50, o que elevaria o valor para R$ 5,20.
Geralmente, os pedidos da prefeitura são ratificados pelo Comtu. Dessa forma, a tarifa já deveria estar custando os R$ 5,05 há seis meses. Porém, uma aprovação de um projeto de lei na Câmara de Vereadores, na quarta-feira (16), vai puxar para baixo o valor da passagem.
Foi extinta a necessidade de destinar 3% de verba arrecadada para a Câmara de Compensação Tarifária da EPTC. Segundo a prefeitura, isso deverá reduzir a tarifa final cobrada dos passageiros em cerca de R$ 0,15.
O projeto seguirá para redação final e depois para sanção do prefeito. Sendo assim, a passagem seria atualizada para R$ 4,90.
Há outras propostas encaminhadas pela prefeitura aos vereadores que pretende reduzir a tarifa em Porto Alegre. Uma delas é a cobrança de pedágio de R$ 4,70 para carros no Centro Histórico. Só essa medida teria impacto de R$ 1,60 na tarifa, segundo os cálculos da EPTC. Também são avaliadas formas de remuneração para as empresas de ônibus. Taxar corridas de aplicativos é outra sugestão polêmica.
Atualmente é impossível saber as consequências que a aprovação destas matérias teriam diretamente na passagem, pois é preciso levar em consideração que não houve o reajuste de 2020, previsto em contrato. Também terá que ser feito o cálculo sobre os prejuízos causados pela pandemia.
Não necessariamente essas consequências poderão vir como forma de um reajuste maior da passagem. A retirada de algumas obrigações previstas em contrato, ou até mesmo a ampliação do tempo de duração da concessão poderão entrar no radar a partir deste ano atípico. A decisão ainda não foi tomada e não deverá ser aplicada sem muita negociação e protestos.