Entre as opiniões de especialistas do setor de aviação sobre o acidente ocorrido em Gramado, há uma que é compartilhada com maior frequência. O avião do empresário Luiz Cláudio Galeazzi não deveria ter decolado.
A forte cerração que atingia o aeroporto de Canela na manhã de domingo (22) não recomendava que houvesse operação. Ela pode ter contribuído para a desorientação especial do piloto.
- As condições (climáticas) não favoreciam aquela decolagem. Para realizar aquela decolagem, deveria ter visibilidade horizontal de cinco quilômetros e 1.500 pés ou 500 metros das nuvens. E o que se viu nos vídeos da decolagem é que as condições estavam bem abaixo disso - destaca o coronel da reserva da Brigada Militar, Cesar Santarosa, que hoje atua como instrutor de voo por instrumentos do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC do Rio Grande do Sul.
Santarosa tem habilitação para dez tipos de avião, seis tipos de helicóptero, 6 mil horas de voo, habilitação de piloto de linha aérea e especialização em helicópteros Agusta Westland, realizada nos Estados Unidos. Ele também atuou por 15 anos no Batalhão de Aviação da Brigada Militar.
O aeroporto de Canela não tem estação meteorológica. Também não há torre de controle que possa nos fornecer a autorização para pouso e decolagem, como ocorre no Salgado Filho. Dessa forma, a decisão de prosseguir viagem é do piloto.
- Ele não deveria ter decolado. As condições pediam prudência da parte dele. As condições meteorológicas apontavam que ele deveria ter retardado a saída - destaca o especialista em segurança de voo e examinador de pilotos, Fabio Borille.
Nesta segunda-feira (23), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) confirmou para a Polícia Civil o que já se especulava. O avião Piper Cheyenne, do empresário Luiz Cláudio Galeazzi, não dispunha de caixa-preta.
O modelo foi fabricado em 1990. Nesta época, não havia previsão de construção desse equipamento para este tipo de aeronave. Sem esse dispositivo, o Cenipa terá de se debruçar mais na cena do acidente, em vídeos e nos relatos de testemunhas para apurar as causas da tragédia.