Jair Bolsonaro voltou a fazer parte ativa da política nacional. Desembarcou em Brasília, sem barulho e sem festa, mas vivo, inteiro e, ao que parece, disposto a ir à luta. Tem pela frente uma barreira formidável: o consórcio dos supremos tribunais de Brasília.
Desembarcou em Brasília, sem barulho e sem festa, mas vivo, inteiro e, ao que parece, disposto a ir à luta
Nos últimos quatro anos, a ideia fixa do STF foi destruir o governo Bolsonaro – começou proibindo que ele nomeasse o diretor da Polícia Federal e não parou mais. Nos próximos quatro, a ideia continua fixa, só que com propósitos mais radicais: cassar seus direitos políticos, impedir que ele se candidate e, se possível, mandar o homem para a cadeia.
Lula, a esquerda em peso e os advogados garantistas, mais o Jornal Nacional e parte da mídia, vão dar 1.000% de apoio ao projeto – já em execução minutos depois de anunciado o resultado da eleição. Bolsonaro, para todos eles, continua sendo o principal problema da nação.
O ex-presidente chegou a dar a impressão de que estava morto, mas não está. Não houve recepção em massa – e nem seria permitido pelas autoridades de Brasília. Mas houve a reestreia formal de Bolsonaro na política brasileira: uma recepção na sede do PL, do qual é o presidente de honra. Falou de trabalho no Congresso, do PL, de sua prioridade, as eleições municipais do ano que vem, nas quais conta estar ao lado dos vencedores nos dez ou vinte maiores colégios eleitorais.
Teve, naturalmente, de responder à acusação sobre as joias da Arábia, que vieram se juntar às denuncias ininterruptas de cada um dos seus anos no governo. Nenhuma deu em rigorosamente nada do ponto de vista legal. Mas vão continuar sendo feitas até o fim de sua vida, e isso não o impediu de ter 58 milhões de votos na última eleição.
Bolsonaro tem um cabo eleitoral dos sonhos e um plano B. O cabo eleitoral é o governo Lula: está pior hoje do que 90 dias atrás e tem tudo para ficar ainda pior. A esquerda, claro, acha que esse tipo de observação é apenas “opinião errada”, ou “desinformação”, ou “bolsonarismo” – infelizmente, para quem está começando a sentir na própria pele os efeitos das decisões do governo, trata-se de fatos.
Não há como falsificar todos os fatos; uma parte sim, mas não todos, e isso é uma benção para quem está na oposição. Não fica nunca sem material de trabalho. O plano B do ex-presidente como novo líder não oficial da direita – e no caso de sua carreira política ir a pique nos tribunais – é jogar o seu capital no apoio a um nome forte e viável. Não será pouca coisa. Tudo indica que, para morrer mesmo na política, Bolsonaro, como aliás tem sido o caso de Lula, ainda terá de morrer outras vezes.