O ex-presidente Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em primeira instância, em sentença do juiz Sergio Moro, numa vara penal de Curitiba. Foi condenado a seguir em segunda instância, pelo Tribunal Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre – e por unanimidade dos três desembargadores que julgaram o seu caso. Foi condenado, enfim, pelo Superior Tribunal de Justiça, em Brasília – de novo, por unanimidade dos cinco ministros.
São nove juízes diferentes, em três instâncias separadas, uma depois da outra; todos eles examinaram as provas apresentadas contra Lula e julgaram que elas eram suficientes para declarar o ex-presidente culpado dos crimes de que foi acusado. Na verdade, são dez juízes – a esses tem de se somar a juíza, também de Curitiba, que o condenou numa segunda ação penal. Muito bem: o ministro Edson Fachin, que militou no PT, pediu voto para Dilma Rousseff e foi advogado do MST, decidiu que tudo isso não vale nada.
Fachin, que hoje governa o Brasil junto com seus dez colegas de Supremo Tribunal Federal – governam sem nunca terem recebido um único voto em suas vidas, e governam como uma junta de ditadura, fazendo o que bem entendem com a lei –, não falou nada sobre culpa ou inocência. Isso, para ele, é um detalhe insignificante.
Também não abriu a boca para falar das sentenças – se são justas ou não. Apenas diz que está tudo anulado, seja lá quais foram as provas materiais contra Lula, porque o juiz Moro estava no lugar errado. Para condenar o ex-presidente, ele teria de estar em Brasília, e não em Curitiba. Como não estava, Fachin decidiu que as quatro ações penais contra Lula, com tudo o que elas têm dentro, não existem mais.
O objetivo de Fachin não teve nada a ver com a prestação de justiça. Também não teve nada a ver com a única função verdadeira do STF, que é garantir a vigência da Constituição – que raio de questão constitucional poderia haver numa discussão dessas? Teve tudo a ver, isso sim, com a eliminação da ficha suja de Lula – agora, como as suas condenações não valem nada, pode ser candidato à presidência da República em 2022.
A ficha de Lula, perante os fatos, continua tão suja como sempre esteve. Nem Fachin, nem Gilmar Mendes – que não apenas advoga para Lula, mas quer punir quem o condenou –, nem todos os onze ministros juntos podem apagar crimes de corrupção e lavagem de dinheiro que estão provados, inclusive através de confissões. Aí, os únicos que decidem são os eleitores: o Supremo pode arrumar o prontuário de Lula, mas não pode arrumar voto. Para devolver o governo à esquerda, o STF ainda vai ter muito trabalho pela frente.