O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos processos de envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, mandou prender 40 condenados e sete investigados pelos ataques a órgãos públicos ocorridos em Brasília naquela data. Eles são considerados fugitivos, porque descumpriram regras impostas pelo Judiciário. A maioria rompeu tornozeleiras eletrônicas e não se reapresentou à Justiça. De outros, já se sabe que fugiram para o Exterior. Este colunista confirmou que o Rio Grande do Sul é uma das principais rotas de fuga desses militantes de extrema-direita, agora procurados pela Polícia Federal (PF).
Dos 47 foragidos, pelo menos 10 estão no Exterior, conforme levantamento do portal de notícias UOL. A maioria está no Uruguai ou na Argentina, sendo que os Estados Unidos são rota de fuga de pelo menos dois réus. O site diz que a Polícia Federal não consegue localizar 51 pessoas envolvidas nos atos golpistas. Todos esses 51 tiveram pedido de colocação de seu nome na lista Difusão Vermelha da Interpol (Polícia Internacional, que atua em mais de 100 países). Isso significa, em tese, que essas nações podem aceitar a extradição dos foragidos para o Brasil (pelo menos, as que possuem tratado nesse sentido).
Dos 10 que já se sabe que estão no Exterior, sete são condenados e os demais respondem a processo judicial por envolvimento no badernaço em Brasília. Nenhum desses 10 é gaúcho. Pelo menos um deles usou as redes para divulgar que se considera um "perseguido político" e afirma ter pedido asilo na Argentina. Ele postou imagens em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino. O presidente da Argentina, o direitista Javier Milei, é aliado do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, e admirado pela maioria dos militantes que agiram nas depredações em 8 de janeiro.
Os ministérios das Relações Exteriores da Argentina e do Uruguai já falaram que não vão revelar quem ingressou e pediu asilo em seus países, por se tratarem de dados pessoais.
Pelo menos três mulheres, do grupo de 10 que se sabe que foram para o Exterior, saíram do Brasil pela fronteira gaúcha. No caso, viajaram até Santana do Livramento (RS), separada apenas por uma rua da cidade uruguaia de Rivera, onde ingressaram. Não se sabe o destino final delas. Uma é empresária em Bauru (SP), outra também tem empresa em Goiânia e teria usado o Uruguai apenas como passagem para se esconder na Argentina. A terceira é uma conhecida militante bolsonarista de São José dos Campos (SP), condenada por depredar o Palácio do Planalto no 8 de janeiro.
Outras quatro pessoas teriam fugido para território argentino pela cidade catarinense de Dionísio Cerqueira, situada na fronteira terrestre com a cidade argentina de Bernardo Irigoyen.
Em 30 de janeiro publicamos coluna na qual mostramos que três mulheres envolvidas nos distúrbios de 8 de janeiro (duas condenadas e uma ré) tinham pedido refúgio político ao Uruguai. Nenhuma é gaúcha. As três usavam tornozeleira eletrônica. Uma delas está no grupo de 10 foragidos que são procurados agora pela PF por terem fugido para o Exterior.