O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, na noite de sexta-feira (24), mais cinco acusados de participarem da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro. Dentre eles, está o primeiro gaúcho sentenciado pelo episódio, o estudante de Psicologia e microempresário Eduardo Zeferino Englert, de Santa Maria. Ele e os demais terão de cumprir pena de 17 anos de prisão, além de pagar multa pelos estragos nos prédios públicos. Com esse grupo, já são 30 os condenados pela Suprema Corte por envolvimento em distúrbios e tentativa de golpe de Estado no início deste ano. Nenhum dos julgados até agora foi absolvido.
Entre os 30 condenados até agora, estão alguns gaúchos radicados em outros Estados, mas o primeiro residente no Rio Grande do Sul a receber sentença pelos episódios é Englert. Além de estudante, ele é microempresário. Viajou por dois dias, de ônibus, até Brasília, com um grupo de bolsonaristas que protestavam contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Englert foi preso logo após chegar na Praça dos Três Poderes e ocupar o Palácio do Planalto, junto com mais de mil manifestantes que invadiam prédios públicos. Ele chegou a ficar seis meses preso, sendo solto em agosto.
Mesmo sem registro de que tenha participado de depredações, Englert foi condenado, sobretudo, por postagens feitas em grupos de mensagens periciadas pela Polícia Federal, que as incluiu no processo judicial como provas. Nelas, o réu gaúcho defendia que as pessoas tomassem Brasília "como o povo de Sri Lanka fez". Ele dizia também que era hora de agir, que não adiantava mais fazer paralisações ou bloquear estradas. E filmou a si mesmo dentro do prédio público invadido. A sentença é pelos crimes de conspiração para golpe de Estado, associação criminosa armada, abolição do Estado de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Crimes que ele nega, conforme ressalta seu advogado, Marcos Azevedo.
Além de Englert foram condenados Ana Paula Neubaner Rodrigues (de Ipatinga, MG), Ângelo Sotero de Lima (de Blumenau, SC), Alethea Verusca Soares (de São José dos Campos, SP) e Rosely Pereira Monteiro (de Colíder, MT). Todos têm direito a mover recurso contra a sentença, em liberdade. Podem impetrar embargos declaratórios (que questionam pontos obscuros da sentença) e embargos infringentes (quando não há unanimidade quanto à sentença).
