Setores da mídia aventaram que o presidente Jair Bolsonaro teria desagradado militares brasileiros ao dar recepção grandiosa ao autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó. Estariam temorosos de uma saia justa diplomática em relação ao mandatário venezuelano Nicolás Maduro, que foi eleito e lidera um governo autoritário.
A informação não procede. Os ministros militares brasileiros nem sempre concordam com Bolsonaro, mas nesse quesito estão fechados 100% com o presidente. Eles consideram Juan Guaidó o legítimo chefe de Estado da Venezuela e merecedor das honrarias desse cargo.
GaúchaZH falou com quatro generais, três dos quais ocupam cargos importantes no governo Bolsonaro. Todos dizem que Guaidó teve em Brasília tratamento digno do seu papel, o de governante reconhecido por mais de 50 nações, inclusive o Brasil - um dos primeiros a dar a ele esse status. Tanto que o vice-presidente Hamilton Mourão se encontrou com Guaidó em cerimônia oficial, na Colômbia, numa reunião em que ambos agiram como chefes de Estado. O mesmo tratamento, agora, foi dispensado por Bolsonaro, com aplausos dos generais.
Os militares discordam de setores radicais do bolsonarismo num ponto: o que fazer em relação à Venezuela. Eles são contra qualquer ocupação militar estrangeira do território venezuelano - menos ainda, brasileira. E acreditam que o destino deve ser traçado pelo povo daquele país. Em paralelo, porém, são favoráveis a sanções e pressões diplomáticas para que Maduro se afaste do governo e/ou permita novas eleições.
- Para nós, Maduro não tem mais viabilidade e legitimidade política. A questão é como lidar com ele e com a delicada situação venezuelana. Aventuras bélicas estão afastadas, da nossa parte - resume um dos generais.