A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O foco de influenza aviária registrado em Rio Pardo, mais perto das regiões produtoras de aves, acendeu sinal de alerta diferente para o monitoramento contra o avanço da doença. Outras duas investigações que estavam em andamento tiveram resultado negativo divulgado no sábado (17). Ainda assim, apertam a corrida por medidas preventivas antes que o vírus alcance as granjas comerciais.
A regionalização de eventuais embargos é uma delas. Apesar dos casos confirmados em animais silvestres e em aves de subsistência, o Brasil mantém o seu status de mercado inalterado, com pleno acesso aos compradores globais. Mas basta um caso positivo em propriedades comerciais para que os bloqueios se estendam ao país como um todo.
O assunto está sendo tratado como prioridade, afirma Anderlise Borsoi, coordenadora de Assuntos Estratégicos de Saúde Animal do Ministério da Agricultura. A negociação proposta pela pasta pede para que seja delimitado um raio de 10 quilômetros partir do foco. A regionalização permitiria criar uma espécie de zona de embargo próxima ao local de evento de contaminação, evitando que a produção como um todo seja prejudicada comercialmente.
— Não são tratativas simples e envolvem interesses de balança comercial, mas a parte técnica está sendo feita e já estamos com bom andamento das conversas nos países com intenção de negociação dos certificados — detalhou Anderlise no Campo e Lavoura da Rádio Gaúcha, que foi ao ar nesse domingo (18).
Diferentemente de outras doenças, como a febre aftosa, a influenza aviária não possui um padrão de regionalização de embargos estabelecido pela Organização Mundial de Saúde Animal. Isso porque a dinâmica do vírus é diferente, explica a coordenadora. Por isso, cada país tem a sua regra de certificação de compra.
As negociações, neste momento, se voltam aos principais parceiros comerciais e se dão através de missões a estes países ou de comitivas que vêm ao Brasil observar a produção. No ano passado, uma agenda pela Ásia já tratou do tema. Nesta semana, representantes do Japão desembarcam em solo brasileiro para ver as ações que estão sendo feitas — o país chegou a interromper as compras do Espírito Santo e de Santa Catarina depois que focos domésticos foram registrados nos dois Estados. Outras missões estão previstas ainda neste semestre.
Nestor Freiberger, presidente do conselho diretivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), diz que o setor produtivo, liderado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), está “trabalhando forte” com o Ministério da Agricultura no encaminhamento das tratativas. Ele reforça que o esforço precisa ser conjunto.
— Não dá para baixar a guarda nos cuidados e enquanto isso temos de acelerar as negociações. Não é uma coisa simples. As negociações são longas, mas estão abertas e torçamos para que isso evoluam o mais rápido possível — diz o gestor.