Cem por cento das propriedades que ficam em um raio de até 10 quilômetros de onde foi confirmado o novo foco de influenza aviária no Rio Grande do Sul receberão a visita de fiscais agropecuários nos próximos dias. A tarefa deles será verificar se existem animais com sintomas compatíveis com o da doença e reforçar as orientações de prevenção.
Tudo isso para manter o vírus longe das granjas comerciais — a chegada poderia ter um impacto significativo sobre o setor de proteína animal. Francisco Lopes, diretor-adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal explica que as equipes já estão visitando locais onde há aviários, em um raio de até 25 quilômetros do registro confirmado no último domingo (11).
— O trabalho em cada propriedade no raio de até 10 quilômetros inicia a partir de amanhã (15), com a aglomeração das equipes em Rio Pardo, alinhamento de informações para as efetivas ações de campo a partir de quinta-feira — explica Lopes.
São cerca de 300 propriedades em um raio de até cinco quilômetros de distância e mais 470 em até 10 quilômetros. As ações adotadas fazem parte do plano de contingenciamento do Ministério da Agricultura — que determina atuação em um raio mínimo em um raio de até três quilômetros, mas que pode ser alterado conforme análise do Serviço Veterinário Oficial.
Todo esse reforço à prevenção é para manter a influenza aviária de alta patogenicidade longe da produção comercial de frango. Os seis focos confirmados no RS desde maio do ano passado foram em animais silvestres e mamíferos aquáticos, o que mantém inalterado o status sanitário do Brasil em relação à doença. O caso mais recente redobra o alerta por ser uma região até então sem registros e mais próxima de importantes polos de produção comercial, como o Vale do Taquari e a Serra.
— Tivemos no ano passado a entrada do vírus no Brasil, que testou o que já vínhamos adotando, que eram os dispositivos de biosseguridade. A partir do momento que o vírus entrou, ele circula no país. Daí cabe a nós, da avicultura comercial, da indústria, da produção, da técnica encarar com seriedade esses dispositivos de biosseguridade, que serão nossa proteção máxima — pondera José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Em nota conjunta com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a entidade lembra que "não há qualquer risco aos produtos e ao consumidor, tratando-se a enfermidade de uma situação específica das aves".
— É a demonstração de uma nova realidade, aprendendo a conviver com a presença desse vírus em aves silvestres. Precisamos ter biosseguridade elevada para evitar que chegue à produção comercial — reforça Ricardo Santin, presidente da ABPA.
O diretor-adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal reforça também a importância da agilidade na notificação às autoridades sanitárias em casos de suspeita:
— Chegamos neste foco graças a uma notificação rápida.
Os cuidados
Entre os cuidados a serem reforçados estão: para produtores de granjas comerciais, medidas de biossegurança como cercamento, controle do cloro da água, cuidados no ingresso e egresso de veículos, cuidar os locais visitados, antes de retornar à propriedade, após uma saída, fazer higiene completa de roupas e sapatos. No caso de criadores de animais de subsistência, tentar mantê-los encerrados.
A ABPA deve lançar novas peças de campanha focando justamente nos cuidados necessários após o período de férias, quando muitas pessoas visitam o litoral.
A quem notificar
Todas as suspeitas de influenza aviária, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em animais, devem ser notificadas imediatamente à Seapi por meio da Inspetoria de Defesa Agropecuária do município, do Whatsapp (51) 98445-2033 ou do e-mail notifica@agricultura.rs.gov.br.
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