A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
As imagens deixam claro o que Jair Buske, produtor de arroz em Agudo, na região central do Estado, viu após a chuva intensa registrada em apenas um dia: lavouras semeadas com o grão voltaram a ficar alagadas. O drama, registrado em vídeo pelo agricultor, se repete em outros pontos do Estado e reforça a perspectiva de que parte do plantio será finalizado fora da janela preferencial — que se encerra nesta quarta-feira (15). Na zona em que o produtor está apenas 35,5% da área estimada havia sido semeada. No Estado, o percentual era de 72%.
— De novo, um visual de alagamento em todas as partes um pouco mais baixas. Em torno de 170 milímetros de chuva acumulada em 24 horas — descreve Buske o cenário de lâminas de água por cima do arroz germinado no vídeo.
Além do aumento de custos, já que muitos produtores estão tendo de realizar o replantio — no caso de Buske, de 5% a 10% dos 80 hectares plantados foram semeados duas vezes —, há uma preocupação em relação à perda de produtividade, porque parte da semeadura será fora do período preferencial — em que há o potencial das maiores produtividades.
— Mas também não está tão ruim, se a gente for pensar que áreas muito grandes do Estado como Zona Sul e a Fronteira Oeste evoluíram bastante na semeadura — pondera Flávia Tomita, diretora técnica do Irga.
No caso de Buske e dos seus vizinhos em Agudo e Dona Francisca, o alagamento da área está sendo tão frequente — já houve três cheias do rio Jacuí — que os produtores optaram pelo sistema de plantio com a semente pré-germinada. A semeadura é feita por lançamento, parecido com a aplicação de fertilizantes, por exemplo.
— Às vezes não temos nem janela para entrar com máquina (para fazer o plantio). Porque precisa que o solo fique menos úmido, que não chova por quatro ou cinco dias — explica o produtor de Agudo.
Com 80 hectares plantados e uma previsão de colher inicialmente 10 toneladas em cada um, Buske projeta, por ora, um volume 10% menor nesta safra por causa dos impactos do El Niño.