Com o Rio Uruguai fora do leito, o impacto aparece na cidade – Uruguaiana tinha mais de 4 mil pessoas afetadas – e no campo. O município cultiva a maior área de arroz no Estado, e o andamento da safra tem tido o ritmo determinado pela chuva. Há um atraso no plantio por conta do excesso de umidade, que preocupa. Coordenador do Instituto Rio Grandense (Irga) na Fronteira Oeste, Cleiton Ramão diz que o cenário preocupa “em vários sentidos”. O dado da última semana apontava uma diferença de 15 pontos percentuais em relação à média da semeadura para o período na regional (12 cidades).
Com a tecnologia existente, há capacidade para recuperar o tempo perdido com os dias de chuva, mas a concentração do cultivo intensifica o risco, caso as condições climáticas não sejam boas mais à frente. E isso pode ter consequências na produtividade do cereal, explica Ramão.
— O rio está totalmente fora da caixa (do leito). Se parasse de chover, levaria 10 dias para voltar ao curso, mais cinco, seis para enxugar o solo. Isso já é muito fora do ideal — aponta o coordenador do Irga.
O calendário de plantio do arroz segue até 15 de novembro no Rio Grande do Sul, mas à medida que o tempo avança, perde-se a janela do maior potencial produtivo. Em algumas áreas com enchente, produtores sinalizam que desistirão do cultivo.
Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do (Federarroz-RS), afirma que no Estado como um todo, as realidades de plantio “são muito diferentes”. Há regiões que conseguiram avançar bastante na última semana. Se a projeção de tempo nublado se confirmar mais para frente do ciclo, poderá haver efeito sobre a produtividade, acrescenta o dirigente. Em contrapartida, há indicativos de que o crescimento da área de arroz no RS seja maior do que os 7,5% inicialmente projetados.
— Isso traz tranquilidade, mesmo se houver diminuição de produtividade, com relação ao abastecimento no mercado interno — afirma Velho.
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