A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Se na última safra o tempo seco tirou o sono dos arrozeiros no Estado, agora é a previsão de chuva contínua que tem dado dor de cabeça. E o primeiro efeito dessas precipitações, que se intensificaram em setembro, já pode ser sentido: é no atraso do plantio da safra 2023/2024. Até o momento, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) calcula que foram plantados quase 32% dos 902,4 mil hectares. Em anos sem El Niño, nessa época, a semeadura alcançava 50% da área prevista.
De acordo com a diretora técnica do Irga, Flávia Tomita, o principal problema está sendo "pôr a semente na terra":
— Estamos com janela curta de semeadura. Depois dessas chuvas, precisamos de três dias com sol forte para secar e entrar com o trator sem atolar.
Caso a previsão do tempo não ajude e a semeadura continue atrasada, Flávia projeta o surgimento de doenças e de perda de produtividade pela falta de luminosidade nas lavouras. O plantio vai até 15 de novembro.
— Mas ainda dá tempo (de os produtores acelerarem o plantio e tentarem plantar dentro da janela) — acredita a diretora técnica do Irga.
Vale lembrar que essa próxima safra de arroz que está sendo plantada deve ter um espaço maior do que o do ciclo passado. Na média do Estado, o aumento deve ser de 7,5%, calcula o Irga. E isso por causa de fatores dentro e fora do campo. Entre eles, pela maior valorização da cotação do cereal frente a da soja e do milho, que vinham avançando até então nas áreas plantadas com arroz no Estado.