Com área ainda por semear e previsão de tempo de chuva, o Rio Grande do Sul pode encerrar o plantio de arroz após a janela preferencial, que se fecha no próximo dia 15. Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) indicam que o cultivo alcançou 64% da área total estimada para o Estado. A realidade é diferente, no entanto, conforme a região. Na Zona Sul, os trabalhos estão perto de serem encerrados — o percentual é de 95,93%. Na Central, apenas 25,26%.
— Até o dia 22, infelizmente, não deve ter janela de semeadura — observa Jossana Cera, agrometeorologista, consultora do Irga.
É uma referência à ausência de trégua das precipitações no período. O prognóstico é de que hoje volte a chover no Estado, com grandes volumes, a partir do sábado. Nos primeiros 15 dias deste mês, as menores quantidades previstas, acrescenta Jossana, ficam entre 80 e cem milímetros. Há locais, contudo, marcando entre 200 e 250 milímetros. Para que o plantio possa ser feito, é preciso que o tempo permaneça seco entre quatro e cinco dias.
Diretora técnica do Irga, Flávia Tomita explica que a meteorologia vem sendo acompanhada de perto. Ela entende que parte da lavoura não conseguirá ser cultivada na época ideal:
— As áreas que ficarem (fora da janela), deverão ter algum impacto em produtividade.
Avaliação semelhante à do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Alexandre Velho. Ele diz que o fato de não ter toda a lavoura na melhor época de plantio é algo que preocupa, “porque pode comprometer a produtividade”.
Flávia avalia,no entanto, que o resultado nas regiões onde o plantio for no período preferencial deva contrapor eventuais problemas nos demais locais. Outra “compensação” poderá vir da área. Há a percepção de que possa crescer mais do que os 7,5% previstos no início do ciclo. Esse avanço maior reflete as perspectivas de tempo e mercado. Diante do excesso de umidade, produtores que fazem a rotação na várzea com soja e milho, estariam optando pelo arroz, com o atrativo adicional de cotações em alta.
Para o fenômeno El Niño, o prognóstico é de que siga se intensificando até o fim do ano.
— Influenciará ainda, talvez não nesse ritmo de chuva de setembro a novembro, mas influenciará toda a safra — estima a agrometeorologista.