A realidade de mercado, com as cotações chegando a recordes nominais, contrasta, neste momento, com a situação verificada no campo pelos produtores de arroz. Com a janela preferencial de plantio encerrada há 15 dias, o avanço na semeadura segue abaixo da média sob o desafio da chuva sem — ou com muito pouca — trégua. Nesse cenário, há uma região onde a situação é especialmente delicada: a Central. Mais do que o tamanho do atraso — o último dado publicado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) indicava que nem a metade da área estimada havia sido cultivada — é o que está por vir que preocupa.
Coordenador da regional do Irga no centro do Estado, Ênio Coelho observa que será necessário esperar as águas baixarem para saber o quanto do que já foi semeado precisará ser semeado novamente. Entre os 32 municípios que integram essa divisão, Cachoeira do Sul, Agudo, Candelária, Santa Cruz do Sul, Vera Cruz, Dona Francisca e partes de Formigueiro e Santa Maria têm uma condição acentuada de enchente.
Coelho cita os problemas da região que tornam a conjuntura mais complexa:
— A implantação da lavoura, a necessidade de ressemear e a tendência de queda no rendimento.
A perspectiva de menor produtividade vem do deslocamento da janela ideal.
— O posicionamento do arroz através do zoneamento é justamente para que se pegue o melhor período de radiação no momento que realmente precisa. Quando se joga para mais tarde, corre-se o risco de não ter essa luminosidade no período — acrescenta o coordenador do Irga na Região Central.
Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federraroz-RS), Alexandre Velho fará nesta sexta-feira (01) uma visita ao município de Agudo, para “conversar com produtores, ver a real situação da região e as possíveis soluções”:
— Esses problemas na Região Central e na Fronteira Oeste devem frear um aumento de área maior do que o previsto pelo Irga inicialmente.
Na prática, o avanço do preço ao produtor trouxe uma perspectiva de que a área cultivada com arroz pudesse ter um acréscimo acima dos 7,5% estimados pela autarquia. Mas a força das chuvas e as dificuldades impostas por essa condição ao plantio devem fazer com que o espaço da cultura tenha um crescimento menor.