Tem decisão importante na pauta da Conselho Nacional de Biossegurança e que precisa ser tomada até quarta-feira (5). É a validação (ou não) do sinal verde dado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para o cultivo de trigo transgênico no Brasil. Neste dia, termina o prazo de 30 dias aberto desde a publicação do parecer no Diário Oficial. Se a avaliação não sair, o plantio fica liberado, observou Paulo Barroso, presidente da CTNBio, em entrevista à Agência Brasil.
O que muda agora é a possibilidade de o cereal geneticamente modificado ser produzido no território nacional. O consumo de farinha com a variedade já estava autorizado desde 2021.
Foi na vizinha Argentina que o trigo HB4 recebeu a primeira aprovação para uso comercial em 2020. Com a inserção de um gene do girassol, tem maior resistência ao estresse hídrico e tolerância ao uso do herbicida glufosinato de amônia.
Apesar do uso dos organismos geneticamente modificados estar consolidado — e ser maciço — em outras culturas (como a da soja e do milho, por exemplo), a liberação no trigo não está isenta de polêmica. Há organizações da sociedade civil que têm se mostrado contrárias ao aval para cultivo.
Pelas características que traz, a variedade deve ganhar mais espaço em áreas do Brasil onde predomina o clima tropical, avalia Hamilton Jardim, coordenador da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul):
— Os Estados do Sul, líderes da produção (de trigo, no Brasil), não usariam tanto essa tecnologia com as condições climáticas que têm. Mas nada impede que amanhã esse trigo seja utilizado. Entendemos como um processo natural, em que a Ciência tem de prevalecer.
Diretor da gaúcha Biotrigo Genética, André Cunha da Rosa também entende que o espaço no RS para essa variedade específica seja limitada, mas avalia que, se confirmada, a liberação do cultivo representa “mais uma ferramenta que estará disponível”:
— A gente espera que isso abra as portas para que possamos acessar outras tecnologias que ainda estão nas prateleiras.