Apesar de ainda estar focado na colheita da soja, o produtor do Rio Grande do Sul já faz cálculos para a safra de inverno. Até porque, o resultado da colheita de verão deve ser um dos fatores a ser considerado na tomada de decisão sobre o espaço dedicado à principal cultura da estação do frio. No Paraná, onde o plantio do cereal já começou, a área deve crescer 13% em relação ao ano passado, aponta o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura daquele Estado, chegando a 1,36 milhão de hectares. No ano passado, os gaúchos semearam 1,47 milhão de hectares — e produziram uma safra recorde de 5,17 milhões de toneladas.
Para o técnico estadual da Emater Alencar Rugeri, as primeiras impressões são de que se possa repetir esse mesmo patamar, com possível aumento:
— O produtor está saindo de novo de uma dificuldade (perdas na safra de verão), e o trigo é a primeira alternativa.
A dúvida, no entanto, sobre o quanto investir na cultura pode aparecer em razão de fatores como a perspectiva de El Niño, que via de regra traz com efeito chuva em grande quantidade. Outras questões acrescentadas por Hamilton Jardim, coordenador da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), são o fato de o produtor estar pouco capitalizado, de haver escassez de crédito e o custo elevado, com amparo limitado, do seguro agrícola.
— Neste momento, o cenário é de manutenção ou leve incremento de área. O produtor está motivado, a vontade de que a área cresça existe — reforça Jardim.
Rugeri observa ainda que o que acontecer nos próximos 20 dias (na colheita da soja) será um critério de definição para aquele produtor que “está querendo voltar para o trigo, que está em dúvida do que fazer”.
— Estamos realizando a colheita da soja, que é o carro-chefe de rentabilidade. Isso que dará um norte para o aumento de área ou não na safra de trigo deste ano — complementa o coordenador da Comissão de Trigo da Farsul.