Depois do tempo seco no verão, a chuva deve cair em abundância no inverno gaúcho, diante de uma influência do El Niño. Boletim do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado (Copaaergs) para o período de abril a junho projeta que o fenômeno possa dar as caras no Rio Grande do Sul ao final do trimestre. Será uma transição do momento atual, considerado de neutralidade.
Coordenadora do conselho, a agrometeorologista Loana Cardoso explica que, desde o final de fevereiro, essa é a condição verificada, com as medições de temperatura das águas do Oceano Pacífico indicando uma evolução para a ocorrência do El Niño a partir de julho:
— Todos os modelos (climáticos) estão indicando o aquecimento (das águas), mas não há um consenso de percentual e do tempo de duração. A probabilidade média é de 60% para a entrada do El Niño a partir do inverno.
O prognóstico, acrescenta a meteorologista, não deve ser interpretado de forma alarmista, mas sim, como uma ferramenta para que o produtor possa se precaver. Para as culturas de inverno, é o excesso de chuva que costuma ser motivo de preocupação em razão dos potenciais problemas que traz.
— Viemos de três anos muito secos, então, no início, mesmo altos volumes de chuva serão positivos. Mais para o final (do inverno) pode haver problemas em função de doenças fúngicas — completa Loana.
É por isso que as recomendações, diante dessa perspectiva, incluem seguir zoneamento agrícola de risco climático, usar cultivares mais resistentes, fazer o planejamento, já pensando no controle de fungos e evitar semear em áreas de baixadas, de solos alagadiços. Também é hora de guardar água que pode ficar mais escassa no verão, independentemente de haver ou não a influência de um fenômeno.
— O produtor deve investir em sistemas de reservação de água, já pensando no próximo verão — frisa Loana.
Na safra do inverno passado, o Rio Grande do Sul teve uma produção de trigo que alcançou um volume recorde de 5,17 milhões de toneladas.