É em uma propriedade localizada na Fronteira Oeste, entre Rosário do Sul e São Gabriel, que começou a colheita da primeira safra de olivas orgânicas no Rio Grande do Sul. Para inaugurar o azeite de rótulo inédito, a marca Nina estima colher 20 toneladas de azeitonas neste ano, volume três vezes maior que o do ano passado.
— A estiagem pouco afetou as olivas. Adubei muito a terra, fizemos podas corretas. Vamos colher mais — resume Nina Braga, proprietária do negócio.
Mais do que marcar o pontapé da produção de azeites orgânicos gaúchos, que deve ficar neste primeiro ano em dois mil litros, essa colheita, para Nina, é duplamente especial. Porque ela iniciou quando completou 70 anos, na semana passada — uma década depois de começar a apostar na cultura.
— Parecia uma criança fazendo uma coisa nova, chamei meus amigos, filhas e netos para celebrar (a colheita e o aniversário). Tenho a alma inquieta, não podia ficar parada ao completar 60 anos, e a olivicultura se tornou uma paixão, uma filosofia de vida — conta ainda.
Isso porque Nina nem sempre trabalhou com azeitonas. Tinha uma loja de chocolate há 20 anos, quando resolveu mudar da água para o vinho em 2010. Ou melhor, para o azeite.
Depois de investir na olivicultura em quatro hectares da propriedade do marido, em 2017, Nina fez outra mudança radical. Resolveu apostar no cultivo orgânico da azeitona. Para isso, foi preciso fazer adaptações, como no manejo com formigas e tuco-tucos e no lagar, em Santana do Livramento, de um parceiro da marca.
No Brasil, atualmente, existem somente três marcas de azeite consideradas totalmente orgânicas, todas localizadas em Minas Gerais. Os produtos da marca Nina podem ser encontrados na Feira do Azeite, que ocorre na primeira e terceira semana de cada mês, no pátio da Secretaria da Agricultura.
*Colaborou Carolina Pastl