Quando se trata de escolher o que vai à mesa, a democracia impera. Tem espaço para todos os tipos de produtos, desde que a escolha seja consciente, a partir da informação certa. É com esse foco que o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) lançará na 11ª Abertura Oficial da Colheita da Oliva, no próximo dia 9, em Encruzilhada do Sul, a campanha Azeite virgem não é azeite extra virgem, não se deixe enganar.
A iniciativa busca conscientizar o consumidor após o Ministério da Agricultura identificar que há rótulos internacionais vendidos nos supermercados brasileiros que informam ser algo que, na verdade, não são. Com preços menores, acabam fazendo uma concorrência desleal com o azeite brasileiro enquadrado como extravirgem. Existem ao todo três categorias do produto (as outras duas são lampante e virgem).
— Nós aprendemos a escolher variedades, terrenos, manejos, a colher no ponto correto e a produzir azeites com reconhecimento internacional. O problema agora é o mercado — avalia o presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes.
Países associados ao Conselho Oleícola Internacional (COI), caso do Brasil, submetem o produto a uma avaliação para receber a classificação, que é feita em duas etapas: físico-química e sensorial organoléptica. Essa última acaba ficando de fora para quem não integra a entidade, explica Paulo Lipp, coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura. O Brasil tem um laboratório credenciado, que pode autuar os rótulos em descumprimento à regra vigente.
A produção nacional vem crescendo e tem no RS o principal expoente, mas o Brasil ainda precisa trazer de fora a maior parte do que consome. O Ibraoliva contabiliza no Estado 321 produtores de oliveiras.
Saiba mais
São vários os criteríos avaliados na hora de classificar o azeite. Para ser lampante, o azeite deve ter uma acidez intensa, superior a 3,3%. Para ser virgem, a acidez deve ficar entre 0,8% até 1,5%. Nesta categoria, os azeites obtidos são de boa qualidade, mas podem apresentar defeitos de aroma e sabor. O que não ocorre quando o produto é extravirgem. Nesta etapa, o azeite não apresenta nenhum defeito sensorial e a acidez é menor que 0,8%.
Os números da oliva
- Atualmente, o Rio Grande do Sul tem mais de 70 marcas gaúchas, 18 lagares e seis mil hectares em olivais — mil só em Encruzilhada do Sul
- A safra neste ano, conforme a coluna divulgou, deve ser 10% superior à passada, com 500 mil litros de azeite de oliva produzidos — todos extra-virgem
- São 103 municípios produtores de oliva
- Só no último ano, o azeite extravirgem brasileiro recebeu 130 premiações
*Colaborou Carolina Pastl