Como de praxe, a abertura da Expodireto-Cotrijal, nesta segunda (6), em Não-Me-Toque, teve um tom político. A presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, marcou a estreia da agenda oficial dele no cargo e o primeiro contato com os produtores por ele atendidos, da chamada agricultura empresarial. E os discursos transpareceram esse momento de (re)aproximação. Na maioria, e de forma explícita, o setor havia manifestado o apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições passadas.
— A primeira mensagem que eu gostaria de deixar a todos vocês é política. Tenham a certeza de que encontram no governo federal e no Ministério da Agricultura as portas abertas ao diálogo — disse Fávaro logo no início de sua manifestação, acrescentando que agora o momento é de "construirmos pontes".
Falando sobre estiagem, questões sanitárias relevantes, como o avanço da influenza aviária em países vizinhos, como a Argentina, e crédito rural, o titular da Agricultura encerrou abordando as invasões de terra, tema que é muito caro ao produtor.
No mês passado, uma onda de invasões foi registrada em fazendas de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. E reforçou a preocupação do setor com a questão.
Fávaro mencionou a prisão de um dos líderes desse movimento e emendou que "em hipótese alguma" o governo vai compactuar "com invasão de terra produtiva":
— Se nós repudiamos os atos de 8 de janeiro, temos de repudiar também os atos de invasão de terra.
Momentos antes, o presidente da feira, Nei César Mânica, havia pontuado a Fávaro, cuja história como produtor rural e representante do segmento dispensava apresentações, "apoio total e irrestrito".
O governador Eduardo Leite reforçou a necessidade de que normas e regras sejam seguidas, acrescentando que o direito à propriedade "é também um fator social".
— Não tenho problema de setar com ninguém, desde que essa pessoa esteja disposta ao diálogo, se não, vira um monólogo — justificou Leite.