Com a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e cobranças do setor colocadas à mesa, foi aberta oficialmente nesta segunda-feira (6) a 23° edição da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque.
Destacando a referência nacional e internacional do evento por reunir lançamentos da indústria para o setor agropecuário, o presidente da Expodireto Cotrijal, Nei Manica, falou das expectativas otimistas para a edição deste ano:
— Estamos iniciando uma exposição que com certeza será a maior e a melhor das 23 edições. Aqui na Expodireto é onde vamos encontrar a melhor tecnologia e os melhores negócios. Aqui vem se buscar informação e se reivindicar soluções políticas não partidárias, mas políticas para o agronegócio — disse Manica, lembrando que o Estado enfrenta outro momento de dificuldades climáticas.
Apesar do quadro crítico vivido por alguns produtores, as projeções robustas para a Expodireto deste ano estão mantidas. Até sexta-feira (10), a exposição de máquinas e tecnologias espera receber mais de 260 mil pessoas e bater a marca de R$ 4,9 bilhões comercializados na edição do ano passado.
Manica aproveitou a fala de boas-vindas para cobrar diretamente o ministro sobre questões do Estado e para apaziguar qualquer mal-estar entre o setor e o governo federal petista empossado em janeiro, ponto de divergência durante as últimas eleições.
— Nós queremos ser vistos como pessoas e produtores que querem ajudar o Brasil. Vivemos um momento de mudança e estamos apoiando. Precisamos fortalecer o nosso ministro porque ele será o nosso porta-voz — reforçou Manica.
Fávaro reforçou em sua fala a mensagem do diálogo. E disse que o governo federal está disposto a conversar:
— Todos que querem o bem do Brasil e reconhecem o resultado das urnas encontram no novo governo as portas abertas para o diálogo. Chegou a hora de trabalharmos juntos. Agora, é o momento de olhar para o futuro. Temos muito o que trabalhar para o agronegócio — enfatizou.
O ministro marcou posição ao tocar em temas sensíveis ao sentor, como a ocupação de terra. Fávaro disse que é preciso acabar com o preconceito no que se refere às diferenças entre pequenos, médios ou grandes produtores, e que o pequeno produtor merece ter um pedaço de terra, desde que dentro da ordem e dentro lei.
— Em hipótese alguma vamos compactuar com invasão de terra privada produtiva. Não é assim que se constrói uma nação soberana sob os rigores da ordem e da lei — disse o ministro, em fala contundente aplaudida pela plateia.
O governador Eduardo Leite saudou a manifestação do ministro e garantiu que "se houver qualquer desrespeito, imediatamente a polícia irá agir no Rio Grande do Sul", também sob aplausos dos presentes.
Enfrentamento à estiagem
O tom das cobranças ecoou na mesa composta por autoridades de governos municipal, estadual e federal, além de representantes de entidades do setor. O presidente da Assembleia gaúcha, Vilmar Zanchin, mencionou a criação de comissão especial no parlamento para monitorar os efeitos da seca. Na mesma linha, o deputado federal Covatti Filho disse que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, virá ao Rio Grande do Sul conversar com os produtores sobre suas demandas. Representante do Senado, Luiz Carlos Heinze voltou a reforçar a necessidade de se solucionar os entraves que dificultam a irrigação.
O ministro da Agricultura destacou os anúncios de R$ 430 milhões feitos no começo do mês para socorrer os produtores mais atingidos, mas reconheceu que é preciso fazer mais.
— É o terceiro (ano) seguido e precisamos de políticas públicas estruturantes — disse Fávaro.
O ministro falou ainda da importância da retomada das linhas de crédito para financiamento, algumas delas suspensas atualmente por falta de recursos, e disse que o governo está trabalhando para a sua retomada, mas enfrenta dificuldades em relação às taxas de juros. Segundo o ministro, "não há ameaça inflacionária no Brasil neste momento e por isso é possível a redução da taxa para criar novos programas de investimento".
Leite insistiu que é importante avançar nas medidas anunciadas, especialmente no que se refere à prorrogação do pagamento de dívidas contraídas pelos produtores. E reforçou o compromisso por parte do Estado, citando os instrumentos de crédito operados pelo Banrisul e o trabalho comercial para garantir acesso a novos mercados.
— Da porteira para dentro, os produtores sabem produzir. Da porteira para fora, é papel do Estado garantir as reformas — disse Leite.