A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul deu o sinal verde para um investimento de grande porte no agro em área industrial do Porto de Rio Grande. Será a construção de um terminal de beneficiamento pela cooperativa C. Vale, do Paraná.
O desenrolar do investimento dependia de uma definição na Justiça. O terreno em questão pertence ao governo do Estado, mas estava dentro de recuperação judicial envolvendo a Ecovix, responsável por operar um estaleiro no porto. A empresa entrou com uma ação em Rio Grande, pedindo que fossem suspensos quaisquer atos envolvendo o terreno, inclusive a utilização do imóvel. O TJ-RS derrubou a liminar, permitindo então o projeto da cooperativa.
Conforme explica o advogado que atuou no caso, Antonio Zanette, a decisão libera para que o contrato seja assinado com o Estado e para que os investimentos comecem a ser realizados.
— O prosseguimento dos trâmites será dado para que o projeto inicie o quanto antes. Acredito que ainda esse ano já estaremos caminhando para assinar o contrato — projeta Zanette.
O projeto inicial prevê investimento de R$ 600 milhões, mas com a atualização dos valores, o aporte pode chegar a R$ 1 bilhão. Os investimentos devem ser aplicados em três etapas de execução.
O plano prevê a construção de um terminal de beneficiamento, com estrutura de recepção, armazenagem, beneficiamento, expedição e embarque de produtos e insumos agropecuários. Além de ampliar o escoamento da produção da cooperativa, a ideia é que a estrutura possa servir a terceiros por meio de prestação de serviços.
Com sede em Palotina, no Oeste paranaense, a A C. Vale está entre as maiores cooperativas agroindustriais da América Latina. Este é o primeiro investimento da empresa no Estado, mas a atuação por aqui é anterior ao novo negócio. A cooperativa atua também em outros locais do país.
A investida em Rio Grande tem pretensão de criar mais um polo exportador de grãos, como a soja, sendo uma alternativa além dos terminais do Paraná, além de ser rota para importar insumos que não têm produção aqui.
Gerente de planejamento e desenvolvimento da Portos RS, Fernando Estima avalia que o investimento contribui para marcar a relevância estratégica do terminal portuário gaúcho.
— É um excelente cliente de médio prazo, e um importador e exportador consolidado. O papel do Porto é atender às necessidades do Estado, mas dos demais também. Esse investimento quebra a lógica de que estamos perdendo grupos importantes. Com o calado renovado e grande fluxo de navios, o Porto vai se reposicionando — diz Estima.