Os negócios feitos com os vizinhos catarinenses são uma das marcas desta temporada de leilões da primavera no Rio Grande do Sul. O período que anualmente concentra os eventos da pecuária para a venda de reprodutores está em curso e aponta tendências para a estação. O calendário iniciado se estende até o mês de dezembro, com remates de bovinos, ovinos e equinos.
Nas pistas do gado de corte, um dos movimentos que vêm chamando a atenção de leiloeiros são as vendas para produtores de Santa Catarina, um efeito prático da mudança de status sanitário do Rio Grade do Sul em relação à febre aftosa. O reconhecimento como zona livre da doença sem vacinação (obtido internacionalmente em 2021) permite a entrada de animais de criatórios gaúchos no Estado vizinho.
— Isso abriu um mercado, estão comprando essa genética (gaúcha) aqui também — frisa Fábio Crespo, presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do RS (Sindiler-RS).
O também leiloeiro Marcelo Silva reforça que Santa Catarina foi uma novidade, com um bom volume de animais vendido para lá.
Essa tem sido, no entanto, uma temporada que reflete um momento diferente do vivenciado no ano passado em relação à própria atividade. De lá para cá, o preço do boi se reacomodou, trazendo efeitos para os negócios em pista. O presidente do Sindiler-RS observa que tem havido "grande variação nas médias". Em valores nominais, acrescenta, observa-se um recuo na comparação com a comercialização de 2021. Mas proporcionalmente entende que são cifras melhores.
— Aquela quantidade de preços diferenciados não se repetiu. Achávamos ótimo se fizéssemos as mesmas médias do ano passado, mas com raríssimas exceções, foram abaixo — afirma Silva.
Outra tendência observada nas pistas é de uma procura aquecida por fêmeas, ao mesmo tempo em que a oferta está menor (de 15 a 20% a menos). Quem tem está segurando e outros buscam vacas de qualidade para o produção de terneiros e terneiras, o que é visto como um indicativo de aposta em uma melhora do mercado.
Os remates carregam ainda uma mudança imposta pela pandemia, que se consolidou: o formato híbrido.
— Todo mundo se readequou, estão tecnológicos. Mesmo os presenciais voltaram com transmissão, ninguém mais abre mão. O comprador do RS se acostumou a comprar desse jeito também, porque houve uma profissionalização dos vídeos — pontua Fábio Crespo.
Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três
- Somente em setembro, serão realizados 64 leilões no Rio Grande do Sul, somados os de ovinos, reprodutores, equinos e gado geral, conforme levantamento feito pelo Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler-RS)
- Os remates seguem em outubro, novembro e dezembro - com os últimos previstos para o dia 28/12
- Apenas neste último final de semana, foram realizados nove leilões no Estado
- Tradicional no circuito da primavera, o leilão Selo Racial, dos criatórios Cia. Azul e Tradição Azul, teve três dias de duração, finalizados na sexta-feira. E terminou com pista limpa, ou seja, todos os animais vendidos. Um dos destaques foi a cota de 50% do touro Cia Azul PIX, negociada por R$ 46 mil