Um documento emitido por entidades representativas de setores produtivos do Estado colocou o debate sobre a deriva do herbicida 2,4-D novamente em pauta. O grupo solicita a suspensão do uso do produto, em razão da continuidade dos casos, e nesta segunda-feira (11) se reuniu com o secretário da Agricultura, Domingos Velho Lopes. A pasta não cogita a medida por entender que os mecanismos criados para o enfrentamento, com normativas que trazem determinações e sanções legais, têm resultados positivos. Já os segmentos que vêm sendo afetados pelo problema mantêm ação na Justiça, com pedido de liminar.
— A ciência e a estatística mostram que estamos no caminho certo — observa o titular da pasta da Agricultura.
É uma referência aos resultados consolidados dos registros da última safra, em um relatório da secretaria que deve ser divulgado nos próximos dias. Em números absolutos, o ciclo 2021/2022 teve 124 coletas encaminhadas para a análise. Dessas, 96 tinham resíduo de 2,4-D. No ciclo anterior, a relação era de 181 coletas, sendo 129 positivas. Em número de propriedades, as afetadas foram 72, ante 94 em igual comparação.
O pico de registros, segundo os dados da Agricultura, é o ciclo 2019/2020, quando 108 propriedades foram impactadas e 146 amostras apresentaram resíduos de 2,4-D de um total analisado de 159. O secretário diz que está no radar de preocupação a situação dos três municípios que concentraram registros (Santana do Livramento, Jaguari e Dom Pedrito).
Representante da Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha, Valter Pötter contrapõe a visão da Agricultura. Ele afirma que o número de casos cresce, mas que muitos produtores, desestimulados, deixaram de acionar a pasta:
— A nosso ver, com mais de 70 propriedades que sofreram um crime ambiental, isso não pode ser visto como uma melhora.
Pötter ressalta ainda que a proporção de laudos positivos entre as amostras ficou maior — pelos dados consolidados, seria de 77,4% em 2021/2022, ante 71,3% em 2020/2021.