A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Novos casos de deriva provocada pelo uso do herbicida 2,4 D estão sendo relatados por produtores na região sul do Estado. Segundo balanço da Associação dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, já são pelo menos 30 registros coletados desde outubro.
A lista de municípios que concentra as denúncias ocupa vasta área. Os casos vão de Pelotas a Piratini, Bagé, Dom Pedrito, Santana Livramento e Jaguari, ou seja, atingem além da campanha gaúcha.
Segundo Valter Pötter, presidente da associação e proprietário da vinícola Guatambu, parte das denúncias já foi protocolada na Secretaria Estadual da Agricultura. Porém, conforme teria sido relatado por fiscais da pasta, as amostras estariam paradas por falta de recurso para análise laboratorial.
– O mais grave de tudo é que essas amostras estão congeladas. Insistimos que recurso existe. Recolhemos mais de R$ 20 milhões ao ano com o Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis), que deveria ser utilizado para isso, porque é muito importante comprovar que está havendo estrago de novo – alega Pötter.
A coluna fez contato com a Secretaria da Agricultura, mas a pasta não se manifestou sobre o assunto.
A deriva do herbicida hormonal utilizado na soja ocorre pelo vento e causa danos em culturas como uvas, maçã, erva-mate, oliveiras e outras. A substância provoca atrofia nas plantas, que deixam de crescer e não dão frutos.
– Estamos bastante assustados porque já é o sexto ano de prejuízos e nada funciona. O prejuízo vai ser muito maior porque neste ano atrasou o cultivo de soja e o clima está muito ventoso. A cultura segue sendo ameaçada na região – acrescenta Pötter.