Há duas diferenças que se destacam no levantamento mensal da inflação do agronegócio no Rio Grande do Sul. A primeira é o fato de o índice de preços recebidos pelo produtor registrar o primeiro recuo de 2022 — 8,09% em abril, na comparação com março.
O outro é a estabilidade no dos custos de produção – 0,15% acima do verificado em igual comparação.
Pelos menos três fatores ajudam a explicar a primeira deflação de 2022 dos valores dos produtos, explica a economista Danielle Guimarães, da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), entidade que realiza o levantamento.
— A entrada da safra (de verão), a desvalorização do dólar frente ao real e a expectativa de oferta maior (apontada pelo relatório do USDA, o Departamento de Agricultura dos EUA) — enumera Danielle, ressaltando que a principal influência foi da colheita da produção de verão.
No acumulado em 12 meses, o preço recebido segue com alta de 5,38%. No ano, de 12,06%. Por outro lado, os custos registram alta de 41,15% em 12 meses e de 7,5% no ano. A leve elevação, considerada uma estabilidade, de abril pode ser interpretada com um ajuste em relação à projeção de estragos decorrentes da guerra no Leste Europeu.
A economista observa que o fluxo de importação de fertilizantes para o Brasil não foi afetado da maneira que poderia ter sido. Ela acrescenta que as despesas do setor vinham em desde o ano passado em uma trajetória ascendente. Reflexo de uma sequência de fatos a partir da pandemia, culminando com a guerra Rússia-Ucrânia.