O recuo na cotação do dólar fez com que os preços dos grãos descesse alguns degraus no patamar da valorização em reais. Pelo quarto dia consecutivo, a saca de milho, por exemplo, teve preço inferior a R$ 100 conforme o indicador Esalq/BM&FBovespa.
A soja teve redução de 8,9% nos últimos 15 dias, segundo o mesmo indicador – tendo Paranaguá (PR) como base. Especialistas avaliam, no entanto, que não há espaço para uma descida “ladeira abaixo”. Pelo menos por ora.
— Existe espaço para volatilidade, mas como a quebra na produção foi grande no Brasil, também para a continuidade de valorização. Temos menos oferta, estoques apertados. Mas, claro, temos de olhar para Chicago — explica Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado, em relação à soja.
E a Bolsa de Chicago, balizador global do grão, volta agora sua atenção para a próxima safra americana. Nesta quinta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apresenta os números da intenção de plantio do ciclo 2022/2023. E esse, acrescenta Roque, é um dado com potencial para influenciar, para cima ou para baixo, o valor do bushel (medida equivalente a 27,21 quilos). Embora tenha fechado em baixa ontem, o patamar de preços têm se mantido em torno de US$ 16,5 a US$ 17. E o que ajuda nessa sustentação é a redução da safra sul-americana que, por sua vez, implica em alta na demanda pela soja americana.
— Em reais, a soja vem caindo nos últimos dias muito por conta da desvalorização do dólar frente ao real, é o grande fator — reforça o analista.
Da mesma forma, o milho tem tido uma trajetória de alta na bolsa dos EUA, diante da indefinição trazida com a guerra Rússia-Ucrânia. Os países são dois grandes players do mercado mundial.
Por aqui, a leve desaceleração da escalada do milho é vista com alívio pela indústria de proteína animal, que tem no grão um importante ingrediente da ração. Presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos pondera que a situação segue sendo monitorada de perto, em razão da guerra:
— Esperamos que se chegue a um ponto de equilíbrio, para não tirar as margens dos produtores de grão, mas nos patamares que estava, torna-se um custo elevado para nós.