
Com 1,3 mil vagas criadas no primeiro trimestre deste ano, a indústrias de máquinas agrícolas é um dos destaques entre os maiores saldos de emprego no agronegócio. Apesar do ritmo de crescimento ter diminuído em relação a igual período do ano passado, quando foram 1,9 mil postos de trabalho, apontam dados divulgados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, o cenário ainda é favorável. Primeiro, porque a expansão vem sobre uma base forte de comparação, que são os resultados obtidos desde o terceiro trimestre de 2020, observa o economista e pesquisador Rodrigo Feix:
— Viemos desde lá com a indústria de máquinas acelerando. E isso perdura até novembro, dezembro do ano passado. Desde então, se observam taxas bem positivas, mas declinantes. O movimento permanece, mas o nível tende a se alterar.
Segundo, porque a geração de novas oportunidades poderia ter sido maior, garante Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers):
— Não empregamos mais por falta de mão de obra especializada. Todas as empresas estão correndo atrás e não estão encontrando.
O dirigente acrescenta que há dificuldade mesmo nas vagas que não são específicas.
Em número absolutos, o segmento ocupa a sexta posição entre os maiores saldos entre janeiro e março. Nas demais, no entanto, há um fator sazonal a ser considerado. Nesse sentido, a estiagem trouxe impactos, com um volume de empregos criados proporcional ao tamanho da colheita.
No comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais, por exemplo, o número de postos criados (2.139) foi menor do que o do primeiro trimestre de 2020 (5.707), quando a safra de verão foi recorde.
— Essa mobilização menor de pessoas é um dos efeitos da estiagem — explica Feix.
No radar de atenção aparece a indústria de carnes. Nos três primeiros meses de 2022, foram perdidas 36 posições. Depois de chegar ao maior patamar de empregos no 1º trimestre de 2021, o setor vem enfrentando um cenário desafiador, aponta o DEE. Custos em alta e perda da massa salarial no mercado interno complicaram as contas. A perspectiva é de que as despesas possam ter um alívio com a safrinha de milho.
Os maiores saldos :
Quais foram os setores que mais criaram vagas no primeiro trimestre de 2022
- Fabricação de produtos do fumo - 9.909
- Produção de lavouras permanentes - 3.733
- Comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindústrias - 2.139
- Moagem e fabricação de produtos amiláceos - 1.899
- Produção de lavouras temporárias - 1.306
- Fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários - 1.303
- Fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais - 394
- Fabricação de produtos intermediários de madeira- 389
- Produção florestal - 182