Há um componente sazonal que explica as 26.504 vagas geradas pelo agronegócio no Rio Grande do Sul que fizeram do primeiro trimestre deste ano o melhor em 14 anos. Como de costume, é no período de janeiro a março que o cultivo da safra de verão gera necessidade extra de trabalhadores, da lavoura ao comércio. A intensidade dessa criação, no entanto, é algo peculiar a 2021. Reflete não só a retomada da produção de grãos depois de um 2020 prejudicado pela estiagem, como também aquela que vai se consolidando como a maior colheita de soja do Estado.
— A sazonalidade está bem presente, mas a dimensão é dada pelo maior volume de produção — pontua o economista Rodrigo Feix, do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, responsável pelo levantamento.
Na conta dos empregos que vêm na esteira do período do ano entram as contratações de fumo (8.839 vagas), do comércio atacadista relacionado à safra (5.739 posições) e as lavouras permanentes, como a da maçã, que exigem reforço nas equipes para a colheita (e e tiveram 4.275 vagas criadas). No ingrediente singularidade deste ano, entram os efeitos da safra maior. Tanto que a maior diferença entre o saldo do primeiro trimestre de 2021 e o de 2020 está no segmento de produtos agropecuários e agroindustriais (1.878 vagas a mais).
Logo em seguida surge outro destaque do período, com potencial de resultados positivos ao longo de todo o ano. É a fabricação de tratores, máquinas e implementos agrícolas, que gerou 1.918 postos, 1.447 a mais do que no primeiro trimestre do ano passado.
— Esse crescimento vem desde o segundo semestre do ano passado e tende a continuar. As indústrias têm uma demanda que é nacional — reforça Feix sobre a perspectiva positiva para o ano.
Ainda com a maior quantidade de empregos formais no estoque, com 67.695 postos, as indústrias de processamento de carne tiveram uma desaceleração na criação de novas oportunidades. O saldo foi de 743 contra 1.313 no intervalo de janeiro a março de 2020. O ritmo menos acelerado, observa o economista, tem relação com aumento dos custos de produção, que tem feito muitas plantas reduzirem a capacidade produtiva para equilibrar as contas.