O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Centenas ou até milhares de pessoas, quase coladas umas às outras, retirando frutas dos pomares. A cena típica da colheita da maçã neste ano ganhou um toque diferente nos Campos de Cima da Serra, região gaúcha que é uma das maiores produtoras no país. Por causa da pandemia de coronavírus, máscaras, álcool em gel e distanciamento viraram requisitos básicos para viabilizar a atividade. Além disso, empresas modificaram a estrutura de alojamento e a rotina de transporte e alimentação dos trabalhadores para diminuir a chance de contágio pela covid-19.
Por ano, a colheita da maçã mobiliza em torno de 12 mil trabalhadores temporários em Vacaria e nos municípios do entorno. Somente a Rasip, com cerca de 1 mil hectares de fruta, contratou 2 mil safristas. Apenas 20% são oriundos do Rio Grande do Sul. O restante provém de outros 16 Estados. Para acomodar a força de trabalho e garantir distanciamento, a empresa criou três “alojamentos de campanha”, ampliando a capacidade de hospedagem no auge da safra. Horários de transporte e refeições também passaram a ser escalonados por turmas.
— Tínhamos uma preocupação com a covid e acabamos construindo protocolos junto aos órgãos públicos. Se houver qualquer caso da doença, temos áreas separadas nos alojamentos para isolar essas pessoas. Mas, até agora, está transcorrendo tudo bem — salienta Celso Zancan, diretor de fruticultura da Rasip.
Quase metade da força de trabalho temporária da Rasip já está até vacinada contra a covid-19. Entre os safristas, há 987 indígenas do Mato Grosso do Sul, que receberam a primeira dose antes de virem ao Estado. Como eles devem permanecer nos pomares até o final do mês, está sendo estudada a possibilidade desse grupo tomar a segunda dose da imunização em Vacaria.
Iniciada no final de janeiro, a colheita deste ano será maior que a do ano passado. A Rasip deverá obter 54 mil toneladas da fruta, acréscimo de 10% frente 2020. A situação segue a tendência estadual. A Associação Gaúcha dos Produtores de Maçãs (Agapomi) projeta safra acima de 500 mil toneladas. No ano passado, foram colhidas 420 mil toneladas.