Com alta demanda do mercado e necessidade de mão de obra especializada, a indústria de máquinas e implementos agrícolas do Rio Grande do Sul tem tido dificuldade de preencher vagas abertas. E na tentativa de driblar esse gargalo, empresas organizam cursos de formação de novos profissionais.
— Só não estamos contratando mais porque falta gente com especialidade. Estamos treinando — afirma Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos do Estado (Simers).
O dirigente estima que até o final do ano possam ser geradas cerca de 3 mil novas vagas no segmento. Em se confirmando esse cenário, retomaria patamar semelhante ao do 2013, melhor ano de vendas de máquinas e equipamentos no país, com saldo de 3.594 postos, segundo melhor resultado da série iniciada em 2007.
Nos primeiros três meses, os números confirmam o bom momento. Foram 1.918 empregos criados, 1.447 a mais do que o registrado em igual período do ano passado, apontam dados do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria Estadual de Planejamento.
— Antigamente, havia sazonalidade também na produção das máquinas. Agora, como tem safra quase o ano inteiro, termina uma e já começa outra — reforça Bier, que está com a produção da empresa vendida até setembro.
Com fábrica de tratores em Canoas, de colheitadeiras em Santa Rosa e de plantadeiras em Ibirubá, entre outras unidades, a Massey Ferguson havia contratado, até o último dia 3, 434 pessoas, 322 para o posto de horista, que atua diretamente na produção.
Os ventos estão, na sua maioria, a favor das fabricantes. A safra foi cheia, as commodities estão valorizadas e a procura por equipamentos, em alta. Há alguns entraves, mas que não chegam a comprometer o todo, entende o presidente do Simers. É o caso da escassez de componentes, ainda reflexo das paralisações em 2020 por conta da pandemia. O preço do aço, com alta em torno de 170% desde o início do ano passado, é outro. Fatores que têm exigido um planejamento maior de quem compra, visto que a entrega tem demorado mais.