O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A valorização dos preços dos grãos deixou o produtor brasileiro mais capitalizado nos últimos meses e alimenta as projeções otimistas do setor de máquinas agrícolas para 2021. As fábricas do Rio Grande do Sul, um dos principais polos produtivos de equipamentos do país, devem ter aumento de 10% no volume de maquinário elaborado neste ano. É o que estima o Simers, sindicato que representa o setor.
No ano passado, o Brasil fabricou 47,9 mil máquinas agrícolas, conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Nesta temporada, é esperada alta de 23%, saltando para 58,8 mil unidades. As empresas gaúchas costumam abastecer entre 40% e 50% do mercado brasileiro a cada ano.
Apenas no Rio Grande do Sul foram comercializados 4,3 mil tratores e 827 colheitadeiras em 2020. Para 2021, o presidente do Simers, Claudio Bier, também projeta crescimento de, ao menos, 10% nas duas linhas de produtos.
— O setor está animado, as empresas têm as carteiras cheias de pedidos no momento. Os bons preços da soja, do arroz, do milho e do trigo motivaram o produtor a renovar sua frota — sintetiza Bier.
Na disputa pela preferência do agricultor, as fabricantes de máquinas já começaram a anunciar novidades nas linhas de produtos e planos de expansão. É o caso da Mahindra, companhia que tem origem na Índia e possui planta em Dois Irmãos, no Vale do Sinos. Nesta quinta-feira (4), a marca lançou no mercado um novo trator com potência de 110cv, o modelo 86-110 premium.
Há quatro anos operando no Brasil, a marca deve encerrar o ano fiscal (abril de 2020 a março de 2021) com alta de 60% em unidades fabricadas.
— Vamos passar de 1 mil tratores produzidos no país e devemos ter forte crescimento no próximo ano fiscal, que se inicia em abril — promete Jak Torretta Junior, diretor geral de operações da Mahindra no Brasil.
A companhia ainda anunciou que irá nacionalizar a produção da linha 6000, com três opções de modelos que passarão a ser feitos com componentes nacionais. Ao longo deste ano, a Mahindra deverá oferecer 11 tipos de máquinas diferentes no país.