O quadro de estiagem prolongada no Rio Grande do Sul provocou estragos generalizados na produção. E isso inclui a do feijão, ingrediente que, com o arroz, faz uma das mais populares combinações gastronômicas do Brasil. No Estado, há duas safras por ano e uma preferência pelo feijão preto, diferentemente do resto do país, onde é o carioca que desperta o maior apetite.
No território gaúcho, o primeiro ciclo produtivo se inicia em setembro, outubro, com a colheita sendo feita em dezembro e janeiro. Nessa janela, a maior área cultivada fica na região de Caxias do Sul, conforme a Emater. São 11,2 mil hectares, cerca de 35% do total semeado. Logo atrás vêm as divisões de Frederico Westphalen, com 4,71 mil hectares, e Porto Alegre, com 4,1 mil hectares.
O volume total produzido, de 39,62 mil toneladas, representa 36% a menos do que se esperava no início do ciclo. Redução que se replica em área (recuo de 8,5%) e produtividade (-30,1%).
Para a segunda safra, em andamento, com colheita entre maio e junho, o cenário é um pouco mais alentador. O último dado da Emater do Estado aponta queda de 10,7% na produção, estimada em 30,62 mil toneladas.
A maior área de feijão do ciclo fica na regional Frederico Westphalen. São 8,6 mil hectares, dos quais metade já na etapa de floração e 10% em enchimento de grão, observa Luciano Schwerz, gerente regional da Emater:
— Na primeira safra, tivemos quebra superior a 55% sobre a expectativa inicial. A maior parte das áreas cultivadas é sem irrigação e, muitas delas, destinadas à produção de sementes. Na região (do Estado) que mais cultivou feijão na primeira safra (Caxias do Sul), a produtividade não sofreu tanta redução pela estiagem.
A cultura vem perdendo espaço ao longo dos anos no RS. Em 1970, por exemplo, somava 259,8 mil hectares.