Ingrediente de um dos mais tradicionais pratos da culinária brasileira, o feijão está em plena colheita da segunda safra no Rio Grande do Sul, chegando a cerca de metade da área cultivada. Na região que se destaca na produção desse ciclo, Frederico Westphalen, o tempo desidratou o rendimento. A falta de chuva em abril e a geada em maio reduziram em 16,6% a produtividade, para 1,5 mil quilos por hectare (ainda assim, superior à média do Estado).
Luciano Schwertz, gerente da regional da Emater de Frederico Westphalen, conta que a geada no dia 13 de maio impactou a área ainda não colhida — cerca de 20% dos 8,8 mil hectares cultivados. Houve relatos nos municípios de Chapada, São José das Missões, Nonoai, Boa Vista das Missões e Ronda Alta.
— Tivemos áreas mais baixas que tiveram formação da geada, isso se deu também pelas condições climáticas. Está um clima mais seco nesse período e, com isso, a formação aconteceu — relata.
No Estado, Elder Dal Prá, coordenador das áreas de Defesa Sanitária Vegetal e Cultura da Emater, explica que a chuva irregular foi o principal fator para perda de produtividade em algumas regiões, dependendo do estágio de desenvolvimento:
— A partir do florescimento há, normalmente, maior necessidade de água. E, quando não temos precipitação regular nesse período, perde-se produtividade.
A produção no Estado é estimada em 31,55 mil toneladas, 19,8% a mais do que a segunda safra de 2020, encolhida pela estiagem. Com consumo maior do que a oferta, o mercado gaúcho absorve praticamente todo o volume.
Como ficam os preços
A menor oferta na primeira safra e o aumento da demanda na pandemia levaram à valorização para o produtor. A média da saca nesta semana, R$ 282,14, é 47% maior do que mesmo período do ano passado.
Para o consumidor, o quilo do feijão preto em abril foi, em média, R$7,96, segundo o Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe) da UFRGS. No mesmo período de 2020, era R$5,39.
Neste momento, o cenário é de estabilidade, diz Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, com preços na faixa de R$ 5 a R$ 7, dependendo do tipo e da marca. A expectativa é de que fique assim com o término da colheita. As importações de feijão da Argentina tem ajudado a equilibrar o valor.
— Os preços estão estáveis em função dessa possibilidade de entrar safras de outros países, outras regiões, nesse período de entressafra — pontua.
*Colaborou Isadora Garcia