Para garantir o bom resultado da lavoura de soja, que neste ano tem colheita recorde estimada em mais de 20 milhões de toneladas no Estado, vale tudo. Inclusive contar com a solidariedade de outros produtores. Foi o que aconteceu em Palmeira das Missões, no Noroeste. Depois de episódio de granizo, ocorrido na quarta-feira (24), agricultores organizaram um mutirão para acelerar a colheita e evitar prejuízos maiores em plantações de áreas próximas.
Em uma corrida contra o tempo, nove máquinas trabalharam de forma simultânea em uma área de 200 hectares, como registrou o engenheiro agrônomo e produtor na região Gustavo Heller Nietiedt. A área, vizinha a sua, pertence à família Sandri.
Cristiano Sandri, que toca as atividades com o pai e ao avô, relata que as pedras de granizo eram de tamanho médio e pequeno, mas caíram em grande quantidade por cerca de 10 minutos seguidos. Nas áreas afetadas, o fenômeno reduziu o potencial de produtividade: a expectativa, que era entre 85 e 90 sacas, caiu para entre 10 e 20.
Diante dos estragos, pediram ajuda para agricultores menos atingidos, com o objetivo de dar maior ritmo à colheita, evitando assim a ampliação das perdas. Na quinta-feira (25), com o auxílio de outros produtores, a colheita atingiu 85 hectares. Sandri conta que, sem a ajuda, levariam em torno de três a quatro dias neste processo.
— O baque é incomparável porque o lucro da lavoura ficou todo no chão — afirma.
A estimativa é de que 5 mil sacas de soja tenham sido perdidas, com prejuízo em torno de R$ 800 mil.
O auxílio também foi motivado pelo produtor que fez os registros em vídeo da ação. Nietiedt já conhecia a família proprietária da lavoura e viu as dificuldades que estavam passando devido ao granizo. Ele explica que o fenômeno gera danos diretos, fazendo as vagens abrirem e os grãos caírem, mas também indiretos, já que este processo segue ocorrendo nos dias seguintes à medida em que o sol seca a planta, aumentando as perdas. E, por isso, era tão importante colher a maior quantidade possível o quanto antes.
— Conversei à noite por rede social com alguns proprietários e fiz uma postagem em uma rede social, dizendo que eu colocava as minhas máquinas à disposição. Para minha surpresa, outros proprietários também começaram a se movimentar.
De acordo com o escritório da Emater em Palmeira das Missões, com base em três relatos que receberam, houve perdas de até 80% na produtividade estimada para a região, de 4,2 mil quilos por hectare.
*Colaborou Isadora Garcia