Depois de uma safra de verão com a presença do La Niña, o Rio Grande do Sul começa a transição para o que deve ser um outono de neutralidade. Por ora, a previsão indica chuva abaixo da média em maio e junho. Perspectiva que é sempre vista com cautela no Estado, calejado por estiagens com prejuízos à produção. Neste momento, 122 municípios decretaram emergência.
— Estamos em transição, mas a atmosfera ainda entende que temos La Niña. De modo geral, os prognósticos são de chuva entre normal e abaixo da média para maio e junho — explica a agrometeorologista Jossana Cera, consultora do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
A falta de umidade tem afetado, neste momento, pastagens, sejam campo nativo ou as que são cultivadas no inverno. Mas são efeitos que podem vir mais à frente que preocupam.
Assim como Jossana, Gilberto Cunha, agrometeorologista da Embrapa Trigo, aponta como maior risco o comprometimento dos mananciais de água, com reflexo à atividade agropecuária e ao abastecimento de cidades.
— O pessoal do arroz está com níveis abaixo da média nos reservatórios. A preocupação é iniciar a próxima safra assim — pondera Jossana.
Com a colheita de grãos de verão se aproximando do final, abre-se espaço para outra virada de chave, com a preparação do terreno para as culturas do frio. O período mais intenso de plantio do trigo ocorre em junho e julho e, até lá, espera-se pela normalização da chuva.
— Não vejo com preocupações maiores este outono mais seco — entende Cunha.
Se a condição persistir até o cultivo, há possibilidade de disseminação de pragas, o que exige maior atenção do produtor.
— Problemas climáticos são inerentes à atividade. Isso reforça a importância de diminuir o risco, escalonando a semeadura, e de aderir ao seguro rural — reforça o agrometeorologista.