Em um verão no qual o produtor gaúcho reforçou a aposta no feijão e aumentou levemente a área semeada, o clima adverso atrapalhou o rendimento das lavouras. Afetada pela geada tardia e estiagem durante a primavera de 2020, a produtividade média está estimada em 1,17 mil quilos por hectare para a primeira safra de 2021, de acordo com a Emater, redução de 32% frente à projeção inicial de 1,72 mil quilos por hectare. O Norte e o Noroeste do Estado foram as regiões onde a cultura mais foi afetada.
Coordenador da área de cultura e defesa sanitária vegetal da Emater, Elder Dal Prá explica que o número ainda pode variar até o final da safra. No entanto, com 70% da área já colhida no Estado, a tendência é de que se confirme uma safra com menor volume de grãos.
Os produtores gaúchos plantaram 37,4 mil hectares, incremento de 0,9% frente ao ciclo anterior. O valor pago ao produtor e a mecanização da colheita são fatores que levaram ao aumento.
— Nesse ano, por mais que talvez nós tenhamos produtividade menor, temos rentabilidade maior, em função do preço que o agricultor tem recebido pela saca — diz Dal Prá.
A Emater indica que o preço pago ao produtor pelo quilo de feijão está em torno de R$ 4,58, quase o dobro do valor registrado no mesmo período do ano passado. O produto chega ao consumidor final, em Porto Alegre, a R$ 7,20, de acordo com levantamento realizado em fevereiro pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Plantio tardio
Produtores que realizaram o plantio mais tarde conseguiram escapar da geada tardia e devem obter bons resultados nesta safra. É o caso de Rodrigo Marcelo Lucena, de Bom Jesus, nos Campos de Cima da Serra. Ele iniciou a semeadura no final de dezembro e, por isso, até o momento não teve problemas com o clima.
— Devido à estiagem (no início) do ano passado, todo mundo estava com medo de esse ano ser seco de novo e não produzir nada. Eu acabei arriscando plantar um pouco mais tarde, até porque o clima estava bom e choveu bem — relata o produtor, que planeja fazer a colheita a partir de 15 de março.
Lucena começou a cultivar feijão na safra passada em um hectare. Em 2021, resolveu ampliar. Agora são quatro hectares, com produção esperada de 7,2 toneladas. O clima e o preço o motivaram a investir na cultura, com perspectiva de aumentar a área no próximo ano.
*Colaborou Isadora Garcia