A combinação de safra reduzida com aumento expressivo de demanda deixou o preço do feijão mais salgado nos meses de março e abril deste ano no país. A Embrapa Arroz e Feijão foi acionada pela Secretaria Nacional do Consumidor, que recebeu denúncias de preços abusivos, com aumentos no valor ao consumidor que chegariam a até 70%.
Pesquisadores do órgão elaboraram nota técnica para mostrar o que estava acontecendo no Brasil. O Ministério da Justiça avaliou que não cabiam investigações adicionais.
– Quando entramos na quarentena, as pessoas passaram a estocar mais. Houve aquecimento da demanda e isso fez com que os preços subissem um pouco mais. No lado da oferta, não houve essa alta – pondera Alcido Elenor Wander, pesquisador e assessor da chefia da Embrapa Arroz e Feijão, um dos autores da nota técnica.
Ele lembra que a oferta vem sendo ajustada nas últimas duas, três safras. Neste ano, problemas climáticos impactaram a oferta do grão. No caso do Rio Grande do Sul, há particularidades.
A primeira é o tipo mais consumido, que é o feijão preto, enquanto no país, 60% é o carioca. No caso da variedade preferida dos gaúchos, é possível importar de outros países produtores.
– De SP para cima, o carioca é o mais consumido. E esse é o que mais subiu. Não temos de onde importar – explica Wander.
No Estado, a 1ª safra de feijão teve recuo de 14% sobre expectativa inicial em razão da estiagem, ficando em 53,91 mil toneladas. Dados do Centro de Pesquisas Econômicas (Iepe) da UFRGS, mostram que o feijão preto vem subindo,fechando abril com valor 4,38% maior do que em janeiro. A cotação média da Emater ao produtor nesta semana é de R$ 196,18 a saca, 5,23% a mais do que a média de maio, mas 3,01% abaixo da geral.