Em terras canadenses para buscar opções ao fornecimento de fertilizantes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou nesta segunda-feira (14) uma conquista. O país da América do Norte irá abrir suas portas para as carnes suína e bovina. O novo cliente traz um potencial, para as duas proteínas juntas, de exportações da ordem de US$ 150 milhões por ano, segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério, Orlando Leite. A conta é feita a partir da fatia de mercado que o Brasil tem nesses dois produtos.
A novidade foi comemorada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Segundo a entidade, o foco das exportações para o Canadá — que importa anualmente cerca de 250 milhões de toneladas — dever ser em itens de alta demanda por lá, como barriga e costela.
— Essa abertura faz com que a gente ultrapasse os 200 mercados por mim estipulados no Ministério da Agricultura, e também é uma notícia muito boa para os frigoríficos brasileiros que podem empregar e trazer renda para o interior do nosso país — avaliou a ministra Tereza Cristina.
Para os gaúchos, há um "porém" na abertura. Na proteína suína, somente Santa Catarina está, neste momento, autorizada a embarques, em razão do status de zona livre de aftosa sem vacinação, de peste suína clássica e de peste suína africana. O Ministério da Agricultura relata já ter entrado com um pedido de reconhecimento para Paraná e Rio Grande do Sul (que tiveram a validação do status de zona livre de aftosa sem vacinação no ano passado) como livres dessas três doenças.
Na carne bovina, ficam aptos SC e unidades da federação que ainda vacinam contra a febre aftosa. Conforme o ministério, os demais Estados que tiveram esse status reconhecido no ano passado ainda precisam passar por um processo de reconhecimento canadense.
Os diretores-executivos do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips) e do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs), Rogério Kerber e Zilmar Moussalle, dizem que não há sentimento de frustração.
— É uma questão de tempo. O reconhecimento que a OIA concedeu à SC é o mesmo concedido há pouco para o RS — explica Mousselle, referindo-se ao status da aftosa para a carne bovina.
— O setor tinha conhecimento da evolução das tratativas oficiais e sabia que envolviam o Estado de Santa Catarina (que era o único livre de aftosa sem vacinação). Nesse meio tempo, houve o reconhecimento do RS e PR (como livres de aftosa sem vacinação). Agora, segue-se trabalhando para a inclusão dos outros Estados — acrescenta Kerber.
*Colaborou Carolina Pastl