A Rússia acaba de anunciar que vai reabilitar 12 unidades brasileiras de processamento de carne à exportação. Na lista estão nove plantas de suínos (três delas no Rio Grande do Sul) e mais três de bovinos. O entusiasmo com a notícia existe, sem dúvida, mas se deve muito mais ao que representa do que ao volume a ser embarcado propriamente dito. Pelo sinalizado pelas autoridades sanitárias russas, abre-se uma cota de cem mil toneladas só para a carne suína brasileira. A título de comparação, a China, hoje principal destino da produção de proteína do Brasil, acumula volume de 481,9 mil toneladas entre janeiro e outubro deste ano apenas em vendas de carne suína.
— A abertura dessa cota russa é uma boa notícia em razão de criar mais uma alternativa comercial — pondera Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
E vem logo após missão ao país realizada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
A Rússia já foi a China: ocupou o ranking de principal destino da carne suína brasileira em um passado recente. Chegou a comprar até 404,74 mil toneladas ao ano (em 2005). Mas foi buscando a autossuficiência na produção e hoje já é exportadora. Mas em 2020, comprou apenas 101 toneladas.
— A Rússia vem incrementando a importação de carne suína do Brasil neste ano. Os embarques alcançaram até aqui 3,8 mil toneladas, gerando receita de US$ 10,3 milhões. Com a expansão do número de plantas e a cota oportunizada pelo governo russo, esperamos um crescimento ainda mais expressivo nos próximos anos — reforça Santin.
O movimento de retomada de um fornecedor externo vem, segundo especialistas, de uma questão conjuntural que mistura aumento do consumo interno russo e a ocorrência de casos de peste suína africana. Na relação agora reabilitada para suínos estão as unidades da BRF de Lajeado e as da JBS de Caxias do Sul e Três Passos, conforme lista que aparece no site do Serviço de Vigilância Veterinária e Fitossanitária russo (o Rosselkhoznadzor).
Os frigoríficos de bovinos autorizados são todos de outros Estados (dois da JBS, no Mato Grosso do Sul e um da Mercúrio Alimentos, do Pará).