Independentemente do tipo de proteína, setembro foi mês de prato cheio para as exportações brasileiras. Em duas delas, a bovina e a suína, a quantidade embarcada foi a maior para um único mês. No frango, o avanço foi na casa de dois dígitos, 21,3%, fazendo o percentual do acumulado no ano, 9%, ficar acima das projeções para o crescimento em 2021. Há particularidades, no entanto, que precisam ser consideradas.
Os resultados dos embarques de carne de gado ainda não contemplam o efeito do embargo adotado pela China após a confirmação, no dia 4 do mês passado, de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (popularmente conhecida como mal da vaca da louca). Como uma carga despachada demora em torno de 45 dias, os chineses ainda estão recebendo produto de antes da suspensão. Esse impacto deve aparecer nos dados de outubro. E a situação é motivo de alerta. Mesmo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reforçando a classificação do Brasil como sendo de risco insignificante para a doença, as vendas seguem interrompidas. Com três frigoríficos, todos da Marfrig, aptos a embarques ao país asiático, o Rio Grande do Sul entra na lista dos Estados que sentirão o reflexo da ausência desse mercado.
Dados da Associação Brasileira de Frigoríficas (Abrafrigo) mostram o peso da China nas compras: até setembro, foi destino de 60,2% de todo o volume de carne bovina exportada pelo Brasil. Também vem dos chineses o maior apetite pela carne suína. O recorde mensal enviado pelo Brasil contou com a importante participação do produto gaúcho. Com metade das 16 unidades credenciadas para o mercado, o RS teve o maior crescimento percentual, 34,82%.
– Esse aumento confirma as previsões do início do ano de que em 2021 vamos quebrar novamente a barreira de 1 milhão de toneladas. Mais do que isso, projetam a consistência da demanda no mercado externo e a velocidade de retorno que o Brasil tem para poder atender seus clientes – avalia Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal.
No frango, perspectivas são de demanda aquecida, com Europa, Ásia e Oriente Médio mantendo bom desempenho. O Brasil é o maior exportador mundial dessa proteína.
Números no Brasil
Bovino
- Setembro: foram 218,53 mil toneladas, aumento de 31% sobre o mesmo mês de 2020 e US$ 1,2 bilhão em receita (+79%);
- Acumulado do ano: 1,5 milhão de toneladas (alta de 2,84%) e faturamento de US$ 7,47 bilhões (+22%).
Frango
- Setembro: foram 418,5 mil toneladas (+21,3% sobre igual mês de 2020) e receita de US$ 730,5 milhões (+52,5%);
- Acumulado do ano: 3,47 milhões de toneladas (alta de 9% sobre 2020) e US$ 5,623 bilhões em faturamento (+21,7%).
Suíno
- Setembro: foram 112,2 mil toneladas, quantidade 29,7% maior que em 2020 e recorde mensal. O saldo foi US$ 255,8 milhões, 35,6% maior que setembro de 2020;
- Acumulado do ano: foram 868,8 mil toneladas (avanço de 13,58%) e receita de US$ 2,06 bilhões (+22,9%).