
A dependência da produção agrícola brasileira de fertilizantes importados – 85% do volume total necessário vem de outros países, conforme o Ministério da Agricultura – já vinha dando sinais de esgotamento no ano passado. Mas foi o conflito Rússia-Ucrânia que escancarou a necessidade urgente de buscar alternativas. E apressou a finalização do Plano Nacional de Fertilizantes, apresentado na sexta-feira (11), em Brasília.
A ideia é que se possa desafogar a pressão de custos e de fornecimento que uma matéria-prima vinda do Exterior tem sobre o bolso do produtor. Um conjunto de 28 pontos foi traçado, ou seja, estabeleceu-se o que se quer fazer. Agora, será preciso esmiuçar “como” serão alcançados esses objetivos.
A meta geral é reduzir a dependência, para chegar a 2050 com um percentual de importações de 45%, mesmo com aumento de demanda. Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS), Paulo Pires observa que a iniciativa traz a perspectiva de estabilidade na oferta de fertilizantes:
– É necessário, temos de ter uma política. Não podemos ter a pretensão de achar que seremos autossuficiente.
Outra ponderação feita pelo dirigente é a de que o plano é uma proposta de futuro, para equilibrar mais à frente esse cenário, mas “não resolve essa crise de fertilizantes que estamos enfrentando agora”. Ou seja, é como uma semente lançada na terra: é apenas
o primeiro passo do ciclo em direção à colheita.
Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz também vê como importante a proposta apresentada.
– Um país que tem a agropecuária como algo estratégico, e o Brasil tem, que se destaca mundo afora pelo setor agropecuário, precisa ter oferta maior no mercado interno de fertilizantes – reforça Luz.
Há uma preocupação, no entanto, em relação ao item “tributação”. Benefícios fiscais à produção local são vistos como positivos, mas eventual taxação do produto importado, não, acrescenta o economista.