Ao fazer referência à falta de chuva que vem causando estragos no Rio Grande do Sul, é comum o uso das palavras estiagem e seca como sinônimos. Tecnicamente, no entanto, existem diferenças entre uma condição e outra, como ajudam a explicar o chefe da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, coronel Júlio César Rocha Lopes, e Flávio Varone, meteorologista da Secretaria Estadual de Agricultura.
— A seca é a versão crônica da estiagem — resume o chefe da Defesa Civil.
O cenário verificado no território gaúcho, neste momento, é de estiagem. Até esta quinta-feira (13), 239 municípios haviam decretado situação de emergência. Desses, 56 tiveram a condição reconhecida pela União. Outros 108 receberam a homologação do Estado, e sete apenas emitiram um registro — espécie de alerta para a possível evolução do quadro. Com isso, são 246 cidades com situação de emergência pelo tempo quente e seco.
Prognósticos apontam que a segunda quinzena de janeiro poderá trazer chuva em volume mais significativo. Varone observa que a partir desta sexta-feira (14) feira deve aumentar a umidade no Estado o que, somado às altas temperaturas, promete uma sensação de desconforto maior. Eventos de precipitações mais isoladas devem ser registrados na Campanha, na Zona Sul, no Litoral Norte e na Serra do Nordeste.
— A se confirmar, daqui 10 dias tem previsão de ingresso de volume mais acentuado no Estado — completa o meteorologista.
Veja abaixo as diferenças entre estiagem e seca.
Seca
- O chefe da Defesa Civil, coronel Júlio César Rocha Lopes, resume: a seca é a versão crônica da estiagem
- Nesse quadro não existe nenhum período de chuva, o que faz com que não haja reposição hídrica nos lençóis; "O solo n]ao dispõe de umidade", completa o coronel
- Outra característica é o grande período com temperaturas elevadas
- Mais severa e duradoura, a seca faz sumir as reservas hidrológicas e pode, por exemplo, levar animais à morte por fala de água
Estiagem
- A estiagem tem como característica um período prolongado de chuva abaixo da média para o período. Existem sequências grandes de tempo seco, mas ainda que esporádicas e insuficientes, as precipitações ocorrem
- "Nos últimos 30 dias, houve chuva esporádica no Estado", lembra o meteorologista Flávio Varone
- O problema é que, quando chove, o volume acaba sendo inferior ao necessário para o abastecimento e para o desenvolvimento de plantas e animais
- "Hoje, o quadro no Rio Grande do Sul ainda é de estiagem, porque existem interrupções do tempo seco com precipitações" reforça Varone.