Na passagem pelo Estado, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, mostrou mais uma vez por que tem a simpatia e a confiança do setor agropecuário. Sem fugir ao perfil que lhe é característico, cumpriu o protocolo político, por assim dizer, da missão. Viu, ouviu e perguntou. Ao mesmo tempo, preparou o terreno para tentar viabilizar em Brasília as propostas feitas em solo gaúcho. Não por acaso, também integravam a comitiva representantes de áreas do governo federal pelas quais passam as medidas sugeridas, sejam emergenciais ou estruturais. É o caso da pasta da Economia, do Banco Central, do Banco do Brasil, da Companhia Nacional de Abastecimento e da Embrapa.
– Ela trouxe essa equipe para que eles vissem e ouvissem sobre os problemas enfrentados e as demandas que estão propondo. A questão do crédito, por exemplo, pauta de todas as entidades, precisa ser trabalhada com os bancos – ponderou Helena Rugeri, superintendente do Ministério da Agricultura no RS.
Enquanto ouvia as ponderações feitas no encontro com lideranças realizado no campus da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Tereza Cristina também fazia suas próprias anotações.
– Ela é muito dinâmica, sensível, sabe ouvir a reclamação, sabe ser dura – avalia Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS).
Junto com as federações da Agricultura (Farsul), dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), das Associações de Arrozeiros (Federarroz-RS) e a Associação dos Produdtores de Soja (Aprosoja-RS), entregou proposta que, como antecipou a coluna, busca a prorrogação de parcelas vencidas e vincendas (entre 15/12 e 30/6), levantamento in loco das perdas pela Conab, na segunda quinzena do mês e regulamentação da Lei Federal 14.275/21, que prevê a criação de linhas de crédito voltadas à agricultura familiar.
Conforme avaliação do presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, não havia expectativa de anúncios durante a passagem pelo Estado. Mas, com a pauta em mãos, espera-se celeridade às medidas.
De forma recorrente nos discursos apareceu o tema da irrigação (leia mais abaixo). Vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad lembrou que o problema do RS está na distribuição da chuva, que não é regular ao longo do ano, o que reforça a importância de reservar água:
– Na média geral do ano, chove de 1,4 a 1,8 metro de altura no Estado. E não se teve competência de fazer reserva. Há dois caminhos: a irrigação e a ampliação do seguro rural.