Com 200 municípios em situação de emergência, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, desembarcou nesta quarta-feira (11) no Rio Grande do Sul para conferir os prejuízos causados pelo estiagem. Em Santo Ângelo, nas Missões, a ministra visitou uma propriedade e se reuniu com entidades do agronegócio para ouvir as reivindicaçôes do campo.
— Não viemos dar falsas esperanças. Viemos ouvir para depois ver o que podemos fazer. O que não podemos ter é gente saindo da produção — disse Tereza Cristina.
Acompanhada por técnicos do Banco do Brasil, do Banco Central e de órgãos ligados ao ministério, como a Embrapa e a Conab, Tereza Cristina fez sua primeira parada em solo gaúcho numa propriedade castigada pela seca. Caminhando pelos 25 hectares em que o agricultor Dirceu Segatto produz soja, milho e leite, ela presenciou os efeitos perversos da falta de chuva. Segundo Segatto, as perdas no milho já são irreversíveis. A produção de soja e de leite enfrenta quebra de 50%.
— O que a gente espera, ministra, é milho da Conab para pelo menos alimentar as vacas, porque se morrer os bichinhos a gente vai junto — conclamou Segatto.
Agachada diante da rala pastagem que serve de comida ao gado, Tereza Cristina pegou na mão as plantas de capim-sudão com 10 centímetros de altura. Com um regime normal de chuvas, as plantas deveriam ter entre 30 e 40 centímetros.
— Nao vou dizer que vou resolver tudo, porque não consigo. Mas a gente tem que dar alguns caminhos. Tem uma comissão vendo o que é possivel fazer — disse a ministra.
Da propriedade, a comitiva oficial - na qual estava ainda o vice-governador Ranolfo Vieira Jr., a secretaria da Agricultura, Silvana Covatti, e parlamentares, seguiu para o campus da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões (URI). Em frente a um auditório lotado de produtores rurais, prefeitos, vereadores e entidades do agronegócio, Tereza Cristina recebeu um diagnóstico atualizado da situação e reivindicações.
As prioridades apresentadas pela platéia foram a suspensão por 180 dias de todas as cobranças de financiamentos federais, a abertura de crédito emergencial e novos empréstimos para manutenção das propriedades diante da perda de renda.
Em 18 minutos de discurso, Tereza Cristina reafirmou a preocupação com os efeitos da estiagem. Disse que não estava trazendo nenhuma "fórmula mágica" e que em breve espera poder anunciar medidas de curto, médio e longo prazo para amenizar os prejuízos da falta de chuva.
— Não viemos com solução pronta. Anotei várias questões para levar a Brasília e agora vou dar um prazo à equipe. Produtor rural não é caloteiro. Ele paga a conta. Temos que arrumar maneiras para que ele não fique cada vez mais enterrado — afimou.
Em Santo Ângelo, as perdas causadas pela falta de chuva já alcançam R$ 190 milhões, cifra próxima do orçamento da prefeitura para 2021, que totaliza R$ 230 milhões. Do município, a ministra seguiu para Chapecó, no oeste de Santa Catarina, onde segue verificando perdas em razão da estiagem.