A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Ao passo em que as perdas de produção vão sendo ampliadas com o avanço da estiagem, cresce também a preocupação com o impacto econômico que virá como consequência deste período. O quadro de seca que atinge o Rio Grande do Sul já é considerado o pior dos últimos 17 anos e os prejuízos se acumulam.
Em cálculo preliminar, o economista da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Tarcísio Minetto, estimou que pelo menos R$ 20 bilhões deixarão de ser comercializados pelos agricultores gaúchos. Isso considerando somente o milho e a soja, onde a quebra até agora chega a 60% e a 24%, respectivamente, conforme levantamento da Rede Técnica Cooperativa (RTC).
A conta é ainda inicial, frisa Minetto, feita a partir da expectativa de produção do IBGE para a safra. Um dado oficial da Fecoagro deve ser divulgado na semana que vem.
A maior parte do prejuízo ficaria com a soja, que possui produção maior no Estado. Algo em torno de R$ 14 bilhões a menos comercializados no grão e de R$ 5 bilhões a menos no milho, segundo o cálculo esboçado. A cifra foi levantada durante reunião da Frente da Agropecuária Gaúcha na Assembleia Legislativa realizada ontem para debater medidas contra a estiagem.
A agenda teve participação de entidades do campo, vereadores, prefeitos, representante de bancos e deputados. Dentre os encaminhamentos, o grupo vai buscar uma audiência com o governador Eduardo Leite para a próxima segunda-feira (10). O objetivo é sugerir ações de socorro que minimizem os efeitos da seca.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, reforçou que o momento é preocupante e que as medidas por parte do poder público são urgentes.
– Por enquanto, está tudo nas ideias, nada concreto. Mas a estiagem é para ontem. As medidas precisam ganhar ritmo mais acelerado, porque as perdas já são muito grandes. E é preciso uma política estruturante paro o futuro, porque vai passar essa estiagem, mas depois volta tudo de novo – reivindicou Joel.
Como urgência, o dirigente cita que é preciso resolver os entraves que impedem a ampliação da irrigação no Estado, além de amparar os produtores que, inevitavelmente, vão ficar com dívidas diante das perdas nas lavouras.
– É um problema de todos. Perdem o produtor e o consumidor, que vai pagar mais caro. Mas também os governos, que deixam de arrecadar – diz Joel.
Dado o peso que o agronegócio representa na economia do Estado, o auxílio aos produtores é visto como urgente pelas entidades. Além de solicitar liberação imediata dos recursos do programa Avançar, o grupo também trabalha pela edição de um decreto de emergência estadual. Pelo menos 132 municípios gaúchos já decretaram situação de emergência junto à Defesa Civil.